Estamos a pouco mais de um mês de serem anunciados os nomeados aos Óscares, os prémios da Academia de Hollywood.
Na rubrica do mês passado, olhámos para os festivais de cinema que decorreram ao longo de 2022. Chegámos à conclusão que apenas três títulos tinham assegurada a nomeação ao Óscar de Melhor Filme: TÁR, Women Talking, e The Fabelmans. Este mês, para orientar os nossos palpites, contamos com três organizações cujos gostos costumam coincidir com os da Academia: o American Film Institute (AFI), a Hollywood Foreign Press Association (HFPA), e a Critics Choice Association (CCA).
O AFI é um instituto sem fins lucrativos cujas atividades incluem um conservatório para o ensino da arte do Cinema, uma cinemateca, dois festivais de cinema, e os AFI Awards. Estes últimos distinguem os 10 melhores filmes americanos do ano.
A HFPA é a associação que anualmente organiza os Golden Globe Awards. Historicamente, a cerimónia de entrega dos Golden Globes é um dos programas de televisão com mais audiência no mundo. Os membros da Academia olham para os nomeados para os Globos como se de uma “to do list” se tratasse, ou seja, uma lista dos filmes do ano que deveriam ver antes de votarem nos Óscares.
Por último, a CCA é uma associação algo suspeita… Em teoria, trata-se de um grupo de 600 jornalistas e críticos norte-americanos. Na prática, o seu único objetivo é anteciparem-se aos Óscares. No seu website, gabam-se literalmente de serem “the most accurate predictor of Academy Award nominations”. Desta forma, os prémios da CCA não costumam refletir as opiniões da crítica norte-americana, mas sim o que os seus membros esperam ver nomeado aos Óscares.
No dia 9 de dezembro, o AFI anunciou o seu top 11 do ano – i.e., dez filmes norte-americanos e uma menção especial para um filme estrangeiro. No dia 12, a HFPA anunciou os nomeados aos Globos – de entre as várias categorias, as que mais importam para prever os Óscares são Melhor Filme Drama e Melhor Argumento. No dia 14, a CCA anunciou os nomeados em 21 categorias – focar-nos-emos apenas em Melhor Filme. Resumindo toda esta informação em uma tabela:
Ora, um total de 8 filmes foi nomeado pelas três organizações:
- The Fabelmans, de Steven Spielberg
- Everything Everywhere All At Once, de Daniel Kwan e Daniel Scheinert
- Women Talking, de Sarah Polley
- The Banshees of Inisherin, de Martin McDonagh
- Avatar: The Way of Water, de James Cameron
- Elvis, de Baz Luhrmann
- TÁR, de Todd Field
- Top Gun: Maverick, de Joseph Kosinski
Relembramos que são 10 os nomeados ao Óscar de Melhor Filme. Conclusão: estes 8 filmes já têm passaporte carimbado.
Deixemos agora a categoria de Melhor Filme e olhemos para outras categorias que dão que falar: os atores e atrizes. O AFI não elege as melhores interpretações do ano, mas a HFPA e a CCA sim. Vejamos quem recebeu este mês nomeações de ambas as organizações:
Melhor Ator:
- Brendan Fraser (The Whale)
- Austin Butler (Elvis)
- Colin Farrell (The Banshees of Inisherin)
- Bill Nighy (Living)
Quatro atores vão na frente da corrida. Nighy parece não ter grandes hipóteses de vencer. Farrell é de longe o favorito da crítica norte-americana, mas atenção: a Academia não é composta por críticos. Fraser tem a seu favor a narrativa (o regresso ao grande ecrã depois de uma década marcada por problemas de saúde física e mental) e a transformação física, o que a Academia adora (cf. Jessica Chastain em The Eyes of Tammy Faye, Gary Oldman em Darkest Hour, Matthew McConaughey em Dallas Buyers Club). Butler é o jovem ator sensação do momento e interpreta um músico famoso, o que a Academia também adora (e.g. há 4 anos, Rami Malek venceu esta categoria no papel de Freddie Mercury).
Melhor Atriz:
- Cate Blanchett (TÁR)
- Michelle Yeoh (Everything Everywhere All At Once)
- Michelle Williams (The Fabelmans)
- Margot Robbie (Babylon)
- Viola Davis (The Woman King)
A categoria mais renhida! Ainda faltam serem anunciadas as nomeações aos prémios SAG e BAFTA e já temos um consenso entre cinco atrizes. Diria que, deste grupo, seguem na liderança Cate Blanchett (à procura do seu terceiro Óscar) e Michelle Yeoh (à procura do seu primeiro).
Melhor Ator Secundário:
- Brendan Gleeson (The Banshees of Inisherin)
- Barry Keoghan (The Banshees of Inisherin)
- Ke Huy Quan (Everything Everywhere All At Once)
Interessante que esta categoria esteja concentrada em dois filmes apenas. Se Colin Farrell é o protagonista de Banshees, é legítimo argumentar que Brendan Gleeson é o ator secundário, enquanto Barry Keoghan o terciário. Por esta razão, Keoghan não tem grandes hipóteses de vencer o Óscar. A disputa será entre Gleeson e Ke Huy Quan, o ex-ator infantil de filmes como Indiana Jones and the Temple of Doom e The Goonies.
Melhor Atriz Secundária:
- Angela Bassett (Black Panther: Wakanda Forever)
- Kerry Condon (The Banshees of Inisherin)
- Jamie Lee Curtis (Everything Everywhere All At Once)
Esta categoria é, para já, a mais difícil de prever. Enquanto já existem favoritos nas outras categorias, ainda nenhuma destas três atrizes se destaca. Ao longo dos últimos meses, a aposta era que atrizes como Jessie Buckley (Women Talking), Claire Foy (Women Talking) e Stephanie Hsu (Everything…) seriam as candidatas mais fortes, mas a HFPA e a CCA discordaram.
Por agora é tudo. Voltamos a falar daqui a um mês!
