Em 2008 Bryan Bertino realizou The Strangers, o original deste agora franchise. Um home invasion acima da média que satisfez a comichão dos fãs de terror incessantemente à procura de novas emoções fortes. Não sendo os melhores actores do Mundo, Liv Tyler e Scott Speedman foram carismáticos o suficiente para agarrar de forma eficaz a noite em que três mascarados decidem atormentar o casal numa casa de campo isolada. Uma sequela menos bem conseguida depois (The Strangers: Prey at Night, de 2018), quis alguém (não aprofundei quem) fazer uma espécie de reboot/remake do primeiro filme, apenas 16 anos depois.
Chapter 1 é em tudo semelhante, para não dizer igual, ao filme de 2008. Os primeiros 30 minutos são bons o suficiente, entretêm, com um cenário apetitoso. Um jovem casal (sim), em virtude uma avaria no seu carro (sim), vê-se obrigado a pernoitar num airbnb (foi a forma de trazer o original para 2024?) no meio de uma floresta de Oregon, junto a uma pequena povoação com habitantes suspeitos. A casa tem todas as características expectáveis: o proprietário é um caçador, com troféus expostos na sua casa de madeira, árvores a toda a volta, neblina nocturna misteriosa. No momento em que as perturbações levadas a cabo pelos “strangers” começam a acontecer o filme parecia ir numa boa direcção, embora obviamente derivativa. Batidelas fortes na porta, olhares observadores, a sensação de espaço vulnerável. A dada altura o filme começa a explorar o seu conceito até à exaustão: colocar os vilões a observar os protagonistas por todos os cantos interiores e exteriores da casa, aparecendo de repente, aplicando o jumpscare de forma automatizada como se o filme dissesse “vamos lá então brincar aos Strangers”. E é aí que Chapter 1 deixa de estar preocupado em ser um filme e se torna apenas um produto refém das características do seu franchise.
Tudo deixa de fazer sentido e a premissa torna-se aborrecida e ineficaz. O gimmick dos vilões observarem os protagonistas é repetido ad nauseum sem qualquer lógica para as suas acções. Primeiro parecem querer apenas assustar o casal, depois já os querem realmente magoar, mas afinal não, era só mesmo assustar. E o ciclo repete-se neste jogo de escondidas em que quem procura está sempre a ver quem se esconde, tornando o conceito obsoleto. Sobre tudo isto existe ainda uma certa romantização na forma como os vilões são apresentados com as suas máscaras, agindo de forma por vezes irregular e ainda mais forçada. A lógica de resto está sempre ausente do lado do casal que luta pela sua vida. Froy Gutierrez é um actor francamente fraco e limitado, sem qualquer carisma, e consegue a proeza de tornar o destino da sua personagem em algo de absolutamente indiferente para o espectador. Madelaine Petsch faz um trabalho um pouco melhor, mas também não consegue muito mais do que ser uma scream queen absolutamente estereotipada. A maior tristeza é quando nos apercebemos que o realizador é Renny Harlin, autor de alguns êxitos musculados dos anos 90 como Die Hard 2, Cliffhanger ou Long Kiss Goodbye. No final de contas todos temos que trabalhar.