Em 2024 celebra-se o 25º aniversário do filme The Iron Giant, lançado em 1999. O primeiro filme de Brad Bird é uma obra-prima que se destaca não só no panorama da animação, mas também na carreira multifacetada do seu realizador. Este filme, baseado no livro homónimo de Ted Hughes, levou ao grande ecrã uma narrativa emocionalmente rica e visualmente deslumbrante, estabelecendo o nome do realizador norte-americano como um dos visionários da animação contemporânea de Hollywood.
O filme retrata a amizade entre um rapaz, Hogarth, e um robô gigante proveniente de outro planeta, que aterra na costa do Maine, e é na relação destes que está o coração do filme. O que destaca The Iron Giant de outras obras da época é a capacidade de utilizar uma história aparentemente simples, acessível para crianças, para retratar temas profundos de uma forma coesa. A inocência e a curiosidade de Hogarth contrastam com a natureza desconhecida e potencialmente perigosa do robô, criando uma dinâmica que explora a amizade e a confiança de maneiras que raramente se vêem em filmes de animação.
O filme, ancorado na época da Guerra Fria, um período marcado pelo medo e pela desconfiança, permite a Bird abordar temas como a paranoia, a xenofobia e a natureza destrutiva da guerra, oferecendo uma crítica social que permanece relevante até hoje. A presença do robô gigante retrata na perfeição o medo face ao desconhecido e a desconfiança com aqueles que são diferentes. A famosa linha do robô, “You are who you choose to be” encapsula a mensagem central do filme sobre identidade e escolha.
Vinte e cinco anos depois, a animação do filme continua impressionante. A escolha de combinar animação tradicional com computação gráfica cria não só uma sensação de realismo e peso que é rara na animação mas também dá fluidez e expressividade ao vasto leque de personagens. As paisagens detalhadas e as sequências de ação dinâmicas são complementadas por uma banda sonora competente, composta por Michael Kamen, que eleva ainda mais o impacto do filme.
The Iron Giant não teve, na altura do lançamento, a reação do público que se esperava. O filme foi uma desilusão de bilheteira apesar do sucesso junto da crítica. No entanto, rapidamente adquiriu o estatuto de filme de culto e o impacto deste na carreira de Brad Bird não pode ser subestimado. Após o lançamento do filme, o realizador norte americano mudou-se para a Pixar onde realizou dois dos mais aclamados filmes de animação do século XXI, tanto junto da crítica como a nível de bilheteira: The Incredibles (2004) e Ratatouille (2007), cimentado Bird como um dos maiores nomes da animação norte americana.