Três membros da equipa da Tribuna do Cinema debruçaram-se desta vez sobre um filme menos badalado, mas não por isso menos interessante, o canadiano Falcon Lake, recentemente estreado nas salas de cinema nacionais.
Arrebatador é o primeiro amor. Reconhecido, elevado e redireccionado de Bastien para Chloé numa unilateralidade impressionante e turbulenta. Nos meandros de um Canadá intenso e fortemente paisagístico, num Verão com direito a todas as estações, desenrola-se uma proximidade entre dois adolescentes que se reencontram um no outro, assumindo sempre quem são mas muito pouco do que sentem. Este elo é caracterizado por fantasias juvenis, mas também por uma presença fantasmagórica. É na tragédia que a verdade sobressai e o arrependimento e o infortúnio se encerram numa brutalidade imensa, deixando o espectador com vontade de mudar o rumo desta obra cinematográfica e de toda esta desdita.
Rita Cadima de Oliveira
Falcon Lake é um drama coming of age, sim, mas com uma rara originalidade (vista em alguns filmes como Super Dark Times) que mistura alguns elementos de terror e mistério com o tópico das férias de adolescência. O filme de Charlotte Le Bon é mais do que o típico rapaz conhece rapariga no Verão. O espectador dá por si, mais do que a observar, a torcer para que o rapaz demonstre a sua habilidade em se adaptar e inserir em grupos que aparentemente o assustam, ultrapassando sempre os seus medos e nunca se deixando derrotar pela insegurança. A aura de horror que pontua o filme acrescenta ao seu twist de género, e a realização e banda sonora somam-se ao que torna Falcon Lake uma experiência muito poderosa.
David Bernardino