Críticas a Raging Grace de Paris Zarcilla

David BernardinoJunho 6, 2024

Paris Zarcilla, realizador de Raging Grace, esteve presente no Motelx 2023 para apresentar a sua longa metragem que se provou um êxito. Um filme de terror social que acompanha uma imigrante filipina ilegal no Reino Unido que começa a trabalhar como cuidadora informal numa mansão aristocrata. O filme estreia agora comercialmente nas salas portuguesas. Rita Cadima de Oliveira e David Bernardino dexiam-nos as suas críticas.

 

 

O realizador anglo-filipino, Paris Zarcilla, esteve presente no Motelx em 2023 para duas sessões de apresentação do seu “coming-of-rage”, Raging Grace. Zarcilla confessa-nos que nesta obra teve oportunidade de expor a raiva que não lhe era permitido sentir aquando da sua juventude, sendo então um filme profundamente pessoal. A história é a de Joy, uma emigrante filipina, e da sua filha Grace que, vivendo na precariedade e sem documentos, procura trabalhos que lhe permitam a legalização e respectiva permanência no Reino Unido. Joy consegue um emprego como cuidadora informal de um idoso aristocrata, aparentemente em estado terminal, sendo contratada pela sobrinha do mesmo, que cedo revela um comportamento atípico e insólito. É no quotidiano das tarefas laborais nesta “mansão assombrada” que assenta toda a poeira, mistério e subjugação que esta obra representa. Raging Grace é um filme sobre o sacrifício e a penitência de quem não está em casa mas é, sobretudo, uma obra que aborda, por meio do terror e do medo, a dor da submissão e do esforço sobre-humano, numa luta infindável pela reposição da dignidade pessoal.

Rita Cadima de Oliveira

 

Produção britânica da autoria do realizador anglo-filipino Paris Zarcilla, Raging Grace é a história de uma imigrante filipina ilegal no Reino Unido começa a trabalhar como empregada interna numa grande mansão de uma mulher rica e seu tio, acamado e medicado, indo viver com ela a sua filha às escondidas no quarto que lhe é destinado. Existe uma grande quantidade de subtexto político acerca da imigração ilegal, do preconceito racial, do conceito de white savior (o branco que se comporta como salvador de minorias), mas por cima de tudo isso está um filme de terror social de belo efeito. Raging Grace não se perde na arrogância das metáforas do seu contexto social, mas antes consegue criar um Mundo atmosférico e claustrofóbico dentro desta mansão repleta de segredos.

David Bernardino

David Bernardino