Como é habitual na Tribuna do Cinema, lançamos o nosso Quadro de Estrelas referente ao mês de Setembro de 2023. Consideramos as estreias do mês e outras que transitam do mês anterior, mas que pela sua relevância também incluímos.
Segundo os dados do Instituto do Cinema e do Audiovisual (ICA), os campeões de salas de cinema portuguesas no mês de Setembro foram: The Nun II (Michael Chaves), The Equalizer 3 (Antoine Fuqua), A Haunting In Venice (Kenneth Branagh), Oppenheimer (Christopher Nolan) e After Everything (Castille London).
Contrariando esta tendência nacional, as obras mais vistas pelos nossos críticos foram: Don Juan, o mais recente filme de Serge Bozon; The Novelist’s Film de Hong Sang-soo e as quatro recentes curtas-metragens de Wes Anderson, fantasias baseadas no universo literário de Roald Dahl. Estas últimas verificaram bastante consenso entre os nossos críticos, tendo quase todas sido classificadas como boas (3 estrelas) ou muito boas (4 estrelas). Por sua vez, Don Juan (Serge Bozon) já originou alguma discórdia entre os nossos elementos, tendo verificado pontuações de 2, 3 e 4 estrelas. Tal como The Creator (Gareth Edwards) e Dumb Money (Craig Gillespie) que não foram consensuais.
Vilarinho das Furnas (António Campos), The Novelist’s Film (Hong Sang-soo) e Stop Making Sense (Jonathan Demme) foram os filmes com maior unanimidade de pontuação entre os nossos críticos (4 e 5 estrelas), sendo este o quadro de Estrelas da Tribuna do Cinema com mais 5 estrelas atribuídas. Por oposição, The Nun II (Michael Chaves) e El Conde (Pablo Larraín) foram os filmes com pior classificação (1 estrela).
O destaque do mês vai inicialmente para Nanni Moretti e o seu aguardado regresso em Il Sol dell’avvenire. Depois de Tre Piani vemos Moretti regressar ao registo mais autobiográfico que o notabilizou e que terá tido o seu apogeu em Caro Diario. Il Sol dell’avvenire vai-se desdobrando em filmes dentro do filme e na exploração da própria persona de Moretti em todas as suas contradições e perspectivas sobre comunismo, a vida e o cinema. Nesta sua mais recente obra, o realizador italiano “troca a vespa pela trotinete”, actualizando o argumento mas desdenhando as novas formas de relacionamento humano e o uso das plataformas de socialização.
O segundo destaque do mês é concedido a Wes Anderson e ao seu rejuvenescimento temporário enquanto realizador, numa ramificação em quatro: The Wonderful Story of Henry Sugar, The Swan, The Rat Catcher e Poison. Estas quatro curtas-metragens bastante outonais, são adaptadas do universo literário de Roald Dahl. De forma algo ousada e imprevisível, Wes Anderson pega em Benedict Cumberbatch, Ben Kingsley, Dev Patel, Ralph Fiennes, Richard Ayoade e Rupert Friend para criar multiversos tão dramáticos quanto bizarros, tão intensos como céleres. E que para desgosto de muitos apoiantes, que já vão sentindo falta de uma curta por dia.