Quadro de Estrelas – Janeiro 2025

EquipaFevereiro 7, 2025

Em Janeiro, estamos em plena “award season”. O mês começou com a cerimónia dos Golden Globes (e a consagração esperada de The Brutalist) e, algumas semanas depois (com algum atraso devido aos incêndios que assolaram Los Angeles), foram anunciadas as nomeações para os Óscares. Assim, este mês, tivemos as estreias de alguns dos principais “Oscar contenders”. Depois de Anora, Conclave, Dune: Part Two, Emilia Perez, Wicked, ou o (muito apreciado pela Tribuna) The Substance, que vimos em 2024, estrearam este Janeiro The Brutalist, Ainda Estou Aqui e A Complete Unknown (fica a faltar ao quadro Nickel Boys, de RaMell Ross, que sairá directamente em streaming). Se o filme de Brady Corbet tinha agradado a quem o vira por ocasião do Leffest, a crítica de Hugo Dinis foi tudo menos entusiasta. O mesmo aconteceu com a recepção de André Filipe Antunes ao filme de Walter Salles (provocando mesmo o insurgimento, algo injustificado, de alguns leitores nas redes sociais). Já A Complete Unknown, de James Mangold, teve a recepção morna esperada — um filme competente sobre uma personalidade fascinante, encabeçado por um Timothée Chalamet com as cordas vocais adequadamente anasaladas para o pastiche que também assinou em disco. Re(vi)ver um período agora embelezado pela patine nostálgica do cinema, ou um simples compêndio biográfico para um espectador menos esforçado? Um filme que dará a conhecer a obra de Dylan a uma nova geração, como o fizera Walk The Line com Johnny Cash.

Ao grupo restrito de dez filmes não se juntou, como se previa, A Real Pain. A segunda longa-metragem de Jesse Eisenberg, um indie americano convincente e comovente, acabou nomeada para os Óscares de Melhor Argumento Original e, claro, Melhor Actor Secundário (o aplaudido Kieran Culkin). Da Europa, o nosso destaque vai para L’Histoire de Souleymane, de Boris Lojkine, Banzo, de Margarida Cardoso, ou A Semente do Figo Sagrado, de Mohammad Rasoulof (filme iraniano nomeado para o Óscar de Melhor Filme Internacional, em representação… da Alemanha). Tivemos também quatro novas propostas em cinema de terror: Nosferatu, ressuscitado pelo esforço de Robert Eggers, um filme muito antecipado mas que esteve longe de convencer em unanimidade os nossos críticos; Oddity, de Damian McCarthy, que a Tribuna apreciara no último MotelX; um Wolf Man pouco inspirado; e Companion, claramente falhado.

Enfim, para quem se sente cansado das estreias recentes, houve também outras propostas muito apetecíveis (centradas em Lisboa, é certo): a primeira parte de um monumental ciclo em celebração ao Western na Cinemateca Portuguesa, um ciclo de Jacques Demy, pela Medeia Filmes, com a estreia comercial de Model Shop, Une Chambre en Ville e Parking, ou, enfim, o já obrigatório ciclo dos Mestres Japoneses Desconhecidos, aqui na sua quarta iteração.

Mas tanta conversa para quê? Este é o nosso Quadro de Estrelas de Janeiro :