A relevância de uma cerimónia como a dos Óscares tem sido, nos últimos anos, bastante discutida. Os demais cinéfilos e críticos de cinema anuem no que diz respeito ao seu declínio e, mais concretamente, na crítica ao bilhete vitalício e alguns lugares cativos que uma classe cinematográfica parece ter adquirido para este evento. Algum conservadorismo e resistência às novas abordagens são comumente atribuídas aos raramente surpreendentes resultados finais da noite mais glamorosa do ano.
Contudo, é inegável discutir o peso e o valor que este evento tem para o cinema, quanto mais não seja para os valores de bilheteira das salas de cinema nacionais e internacionais. A soberba audiência que se verifica nos meses de Janeiro, Fevereiro e Março, prende-se com as nomeações dos filmes aos Baftas, Emmys, Grammys, Tonys e SAG Awards, mas sobretudo aos Óscares. Todos estes prémios aos quais os filmes são candidatos revelam um enorme peso, força e motivo para que o público vá presencialmente às salas.
Como tudo na vida é alvo de mutação e evolução, também os Óscares têm recebido as suas alterações ao nível da condução estético-performativa da cerimónia, mas também no que diz respeito aos seus apresentadores e aos momentos musicais que a compõem. À parte disso, o nosso foco será sempre os filmes, os actores, os argumentos e todas as características que envolvem o cinema num todo cujo propósito aqui é ser agraciado.
Que venha a noite dos Óscares!
Rita Oliveira
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Pedro Barriga
Todos os anos, a categoria mais desafiante de prever é o Óscar de Melhor Filme. Este ano será a exceção. Depois de Everything Everywhere All At Once ter vencido praticamente todos os prémios que antecedem os Óscares, não há margem para dúvidas. A última vez que um filme venceu PGA, SAG, DGA e CCA mas perdeu o Óscar de Melhor Filme foi… nunca. A verdadeira questão neste momento é: com quantas estatuetas sairá o filme da cerimónia? No mínimo, três. No máximo, talvez seis ou sete. Assim sendo, as corridas mais interessantes deste ano são as de representação. Será que Butler ganha por ressuscitar Elvis Presley, ou Fraser pela transformação física? Será que Blanchett entrará no restrito clube dos vencedores de três Óscares, ou Yeoh fará história como a primeira mulher asiática a vencer Melhor Atriz? Será que a irlandesa Condon triunfará com aquele que é o seu primeiro grande papel, ou a veterana Bassett prevalecerá 30 anos depois da sua primeira nomeação aos Óscares? Será uma noite empolgante!
Melhor Filme:
Quem vai ganhar – Everything Everywhere All At Once
Quem devia ganhar – Tár
Quem pode surpreender – The Banshees of Inisherin
Melhor Realização:
Quem vai ganhar – Daniel Kwan e Daniel Scheinert (Everything Everywhere All At Once)
Quem devia ganhar – Todd Field (Tár)
Quem pode surpreender – Steven Spielberg (The Fabelmans)
Melhor Actor:
Quem vai ganhar – Austin Butler (Elvis)
Quem devia ganhar – Paul Mescal (Aftersun)
Quem pode surpreender – Brendan Fraser (The Whale)
Melhor Actriz:
Quem vai ganhar – Michelle Yeoh (Everything Everywhere All At Once)
Quem devia ganhar – Michelle Yeoh (Everything Everywhere All At Once)
Quem pode surpreender – Cate Blanchett (Tár)
Melhor Actor Secundário:
Quem vai ganhar – Ke Huy Quan (Everything Everywhere All At Once)
Quem devia ganhar – Ke Huy Quan (Everything Everywhere All At Once)
Quem pode surpreender – Barry Keoghan (The Banshees of Inisherin)
Melhor Actriz Secundária:
Quem vai ganhar – Kerry Condon (The Banshees of Inisherin)
Quem devia ganhar – Hong Chau (The Whale)
Quem pode surpreender – Angela Bassett (Black Panther: Wakanda Forever)
Melhor Argumento Original:
Quem vai ganhar – Everything Everywhere All At Once
Quem devia ganhar – Tár
Quem pode surpreender – The Banshees of Inisherin
Melhor Argumento Adaptado:
Quem vai ganhar – Women Talking
Quem devia ganhar – Glass Onion: A Knives Out Mystery
Quem pode surpreender – All Quiet on the Western Front
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David Bernardino
Mais uma vez não existiu, a meu ver, nenhuma obra prima em 2022. Ainda assim, no que diz respeito aos Óscares, o leque de nomeados apresenta propostas, em geral, acima da média do que temos visto nos últimos anos, como se pode ver através da consulta do nosso quadro de estrelas especial “Óscares”. Sabemos que o contexto social global tem tido um papel cada vez mais premente na hora de escolher vencedores e por esse motivo, mas também por mérito próprio, aposto as minhas fichas na vitória de All Quiet on the Western Front para Melhor Filme. Este filme anti-guerra filma com belo efeito os horrores da I Guerra Mundial na perspectiva alemã e é um portento a vários níveis, principalmente na fotografia. A minha escolha pessoal recairia, ainda assim, sobre Top Gun: Maverick, o ultimate nostalgia movie que viu Tom Cruise novamente a desafiar as regras do que é possível fazer em cinema. Quem sabe, talvez esta seja a vitamina positiva que o Mundo precisa neste momento. Os Óscares não são precisamente isso? Uma celebração da indústria do cinema de entretenimento norte-americano? Destaco ainda a originalidade desconcertante de Tár, a lição de cinema de entretenimento furioso que é Everything Everywhere…, o comeback de Brendan Fraser e a auto-homenagem a Spielberg através do “mais americano que isto é impossível” Fabelmans. Nota final para Living, um belíssimo remake de Ikiru que não deve passar despercebido.
Melhor Filme:
Quem vai ganhar – All Quiet on the Western Front
Quem devia ganhar – Top Gun: Maverick
Quem pode surpreender – Everything Everywhere All At Once
Melhor Realizador:
Quem vai ganhar – Steven Spielberg (The Fabelmans)
Quem devia ganhar – Steven Spielberg (The Fabelmans)
Quem pode surpreender – Daniel Kwan, Daniel Scheinert (Everything Everywhere All At Once)
Melhor Actor:
Quem vai ganhar – Brendan Fraser (The Whale)
Quem devia ganhar – Brendan Fraser (The Whale)
Quem pode surpreender – Colin Farrell (The Banshees of Inisherin)
Melhor Actriz:
Quem vai ganhar – Michelle Yeoh (Everything Everywhere All At Once)
Quem devia ganhar – Cate Blanchett (Tár)
Quem pode surpreender – Ninguém
Melhor Actor Secundário:
Quem vai ganhar – Ke Huy Quan (Everything Everywhere All At Once)
Quem devia ganhar – Brendan Gleeson (The Banshees of Inisherin)
Quem pode surpreender – Barry Keoghan (The Banshees of Inisherin)
Melhor Actriz Secundária:
Quem vai ganhar – Hong Chau (The Whale)
Quem devia ganhar – Kerry Condon (The Banshees of Inisherin)
Quem pode surpreender – Jamie Lee Curtis (Everything Everywhere All At Once)
Melhor Argumento Original:
Quem vai ganhar – The Banshees of Inisherin
Quem devia ganhar – Tár
Quem pode surpreender – Everything Everywhere All At Once
Melhor Argumento Adaptado:
Quem vai ganhar – All Quiet on the Western Front
Quem devia ganhar – All Quiet on the Western Front
Quem pode surpreender – Women Talking
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Rita Oliveira
Para o lugar de ouro aponto a excelência e o rigor da protagonista Cate Blanchett que interpreta de uma forma marcante Lydia Tár. Considero que seria uma justa vencedora do Óscar de Melhor Actriz Principal pois de todas as actrizes femininas a concurso, é ela que demonstra o trabalho mais minucioso e sublime. Tal como considero TÁR o filme merecedor da estatueta para Melhor Filme dada a integridade absoluta que Todd Field demonstrou no que diz respeito à cinematografia, direcção e guião a par de uma profunda interpretação de Cate e de um irrepreensível trabalho sonoro e estético do resto da produção. The Banshees of Inisherin aparece no lugar de prata, apontando Colin Farrell como um potencial vencedor do Óscar de Melhor Actor Principal, a par dos seus colegas Barry Keoghan e/ou Brendan Gleeson como Melhor Actor Secundário e Kerry Condon como Melhor Actriz Secundária. No que concerne ao Melhor Argumento Adaptado, All Quiet on the Western Front fez bem o que lhe competia, mesmo sendo um remake difícil dada a inevitabilidade de comparação a All Quiet On The Western Front (1930). Este anti-war movie de perspectiva unilateral alemã tem uma cinematografia que dificilmente qualquer outro concorrente com ele poderia competir, a não ser mesmo que Top Gun Maverick ou Women Talking lhe faça um surpreendente susto na meta.
Melhor Filme:
Quem vai ganhar – The Fabelmans
Quem devia ganhar – Tár
Quem pode surpreender – The Banshees of Inisherin
Melhor Realizador:
Quem vai ganhar – Steven Spielberg (The Fabelmans)
Quem devia ganhar – Todd Field (Tár)
Quem pode surpreender – Martin McDonagh (The Banshees of Inisherin)
Melhor Actor:
Quem vai ganhar – Brendan Fraser (The Whale)
Quem devia ganhar – Colin Farrell (The Banshees of Inisherin)
Quem pode surpreender – Paul Mescal (Aftersun)
Melhor Actriz:
Quem vai ganhar – Michelle Yeoh (Everything Everywhere All At Once)
Quem devia ganhar – Cate Blanchett (Tár)
Quem pode surpreender – Ana de Armas (Blonde)
Melhor Actor Secundário:
Quem vai ganhar – Brendan Gleeson (The Banshees of Inisherin)
Quem devia ganhar – Barry Keoghan (The Banshees of Inisherin)
Quem pode surpreender – Barry Keoghan (The Banshees of Inisherin)
Melhor Actriz Secundária:
Quem vai ganhar – Kerry Condon (The Banshees of Inisherin)
Quem devia ganhar – Kerry Condon (The Banshees of Inisherin)
Quem pode surpreender – Hong Chau (The Whale)
Melhor Argumento Original:
Quem vai ganhar – The Fabelmans
Quem devia ganhar – Tár
Quem pode surpreender – Everything Everywhere All At Once
Melhor Argumento Adaptado:
Quem vai ganhar – All Quiet on the Western Front
Quem devia ganhar – All Quiet on the Western Front
Quem pode surpreender – Women Talking
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João Fernandes
Se houvesse alguma justiça relativamente aos vencedores dos Óscares, teríamos que alterar toda a estrutura dos prémios. Não é que haja realmente uma verdadeira forma objectiva de qualificar arte. O que significa realmente “ser melhor” num panorama cinematográfico ou artístico? O que é uma melhor interpretação face a outra? Qual é a justiça dos critérios de selecção? Os Óscares só têm relevância porque são prémios populares construídos numa sociedade que todos tentam imitar. Contudo, este é dos anos em que me lembro de gostar de mais nomeados para melhor filme. No geral há uma oferta diversificada e de relativa qualidade. Porém, onde está o espaço para o cinema independente? Para o cinema internacional? Para a diversificação? A conversa do costume num ano diferente. E para o ano é repetir a cassete.
Melhor Filme:
Quem vai ganhar – The Fabelmans
Quem devia ganhar – The Fabelmans
Quem pode surpreender – Tár
Melhor Realizador:
Quem vai ganhar – Steven Spielberg (The Fabelmans)
Quem devia ganhar – Steven Spielberg (The Fabelmans)
Quem pode surpreender – Todd Field (Tár)
Melhor Actor:
Quem vai ganhar – Brendan Fraser (The Whale)
Quem devia ganhar – Paul Mescal (Aftersun)
Quem pode surpreender – Austin Butler (Elvis)
Melhor Actriz:
Quem vai ganhar – Cate Blanchett (Tár)
Quem devia ganhar – Cate Blanchett (Tár)
Quem pode surpreender – Michelle Yeoh (Everything Everywhere All At Once)
Melhor Actor Secundário:
Quem vai ganhar – Barry Keoghan (The Banshees of Inisherin)
Quem devia ganhar – Ke Huy Quan (Everything Everywhere All At Once)
Quem pode surpreender – Brendan Gleeson (The Banshees of Inisherin)
Melhor Actriz Secundária:
Quem vai ganhar – Jamie Lee Curtis (Everything Everywhere All At Once)
Quem devia ganhar – Jamie Lee Curtis (Everything Everywhere All At Once)
Quem pode surpreender – Kerry Condon (The Banshees of Inisherin)
Melhor Argumento Original:
Quem vai ganhar – The Banshees of Inisherin
Quem devia ganhar – Everything Everywhere All At Once
Quem pode surpreender – Everything Everywhere All At Once
Melhor Argumento Adaptado:
Quem vai ganhar – Women Talking
Quem devia ganhar – Women Talking
Quem pode surpreender – All Quiet on the Western Front
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Francisco Sousa
Durante muitos anos, e para muitas pessoas, os Óscares da academia foram a mais alta celebração da sétima arte. Para outros, os Óscares são um evento fútil onde impera a influência dos estúdios e onde as minorias e cinema estrangeiro não têm lugar. Felizmente, com a expansão do número de votantes e membros da academia é possível afirmar que nos últimos anos viu-se uma melhoria nestes aspectos. Ainda que haja muito por onde melhorar, não deixa de ser verdade que há 30, 20 ou mesmo 10 anos seria impensável um filme como Tudo em Todo o Lado ao Mesmo Tempo ser o favorito a ganhar o Óscar de Melhor Filme. Não sendo o meu preferido do ano passado, não deixa de ser surpreendente (e positivo!) ver um filme desta excentricidade a gerar tanta paixão junto dos espectadores. Outro dos pontos de interesse desta noite será tentar perceber onde irá cair a estatueta de melhor realizador. Será que os Daniels serão recompensados pelo seu trabalho ou será que, quase 30 anos depois de receber o primeiro Óscar com A Lista de Schindler, Spielberg irá triunfar mais uma vez? Venham os Óscares!
Melhor Filme:
Quem vai ganhar – Everything Everywhere All At Once
Quem devia ganhar – Everything Everywhere All At Once
Quem pode surpreender – Top Gun: Maverick
Melhor Realizador:
Quem vai ganhar – Steven Spielberg (The Fabelmans)
Quem devia ganhar – Steven Spielberg (The Fabelmans)
Quem pode surpreender – Daniel Kwan e Daniel Scheinert (Everything Everywhere All At Once)
Melhor Actor:
Quem vai ganhar – Austin Butler (Elvis)
Quem devia ganhar – Colin Farrell (The Banshees of Inisherin)
Quem pode surpreender – Brendan Fraser (The Whale)
Melhor Actriz:
Quem vai ganhar – Cate Blanchett (Tár)
Quem devia ganhar – Cate Blanchett (Tár)
Quem pode surpreender – Michelle Yeoh (Everything Everywhere All At Once)
Melhor Actor Secundário:
Quem vai ganhar – Ke Huy Quan (Everything Everywhere All At Once)
Quem devia ganhar – Ke Huy Quan (Everything Everywhere All At Once)
Quem pode surpreender – Barry Keoghan (The Banshees of Inisherin)
Melhor Actriz Secundária:
Quem vai ganhar – Angela Bassett (Black Panther: Wakanda Forever)
Quem devia ganhar – Kerry Condon (The Banshees of Inisherin)
Quem pode surpreender – Kerry Condon (The Banshees of Inisherin)
Melhor Argumento Original:
Quem vai ganhar – The Banshees of Inisherin
Quem devia ganhar – Everything Everywhere All At Once
Quem pode surpreender – TÁR
Melhor Argumento Adaptado:
Quem vai ganhar – Women Talking
Quem devia ganhar – Women Talking
Quem pode surpreender – All Quiet on the Western Front
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