Com o farto ano de 2024 agora encerrado, é tempo de olhar para 2025 e para o que de mais estimulante se prepara no Cinema. Assim, com 3 escolhas individuais, oito membros da Tribuna elaboraram uma lista ecléctica, perfazendo as 25 propostas mais aguardadas do nosso novo ano cinematográfico. Conheçam-nas aqui:
As escolhas de David Bernardino

The Ritual de David Midell (TBA)
Através duma pesquisa rápida facilmente se identificam filmes interessantes que, em princípio, irão estrear em 2025. Os irmãos Safdie, Lynne Ramsay ou Soderbergh, por exemplo, têm cartas na manga, todavia para esta lista decidi escolher 3 filmes talvez mais evidentes, mas que nem por isso deixam de ser, realmente, dos mais esperados. Começo as minhas escolhas com uma verdadeira incógnita, The Ritual, filme de terror de David Midell, acerca de dois padres interpretados pelo improvável duo composto por Dan Stevens (The Guest, The Rental) e… Al Pacino. O filme irá tratar um dos mais famosos casos de exorcismo dos Estados Unidos e promete ser apresentado em Cannes.
F1 de Joseph Kosinski (26 de Junho)
Em 2022 Joseph Kosinski tomou os céus do cinema de rompante com Top Gun: Maverick, e promete agora aplicar a mesma fórmula de adrenalina e realismo ao desporto motorizado, e à Fórmula 1, com F1. Brad Pitt é o protagonista neste blockbuster com um budget que excede os 300 milhões e que irá ditar o futuro da produtora Apple em relação a apostar, ou não, em lançamentos nas salas ao invés do streaming.
28 Years Later de Danny Boyle (19 de Junho)
28 Days Later, igualmente de Danny Boyle, foi um filme que de certa forma revolucionou o terror em 2002 com o seu curioso realismo e reinterpretação dos habitualmente lentos e pesados zombies em velozes e mortíferos infectados, moda que iria mesmo pegar no género. Um argumento episódico fabuloso que levou Cillian Murphy a interagir com Brendan Gleeson ou Christopher Eccleston, numa Londres abandonada, elevaram 28 Days Later ao estatuto de culto. 28 Years Later é finalmente o terceiro episódio após o forte 28 Weeks, lançado em 2007, e aparenta ser também o primeiro de uma trilogia que promete ser forte. O elenco é encabeçado por Jodie Comer, Aaron Taylor-Johnson e Ralph Fiennes. Lá britânico certamente será!
As escolhas de Bruno Victorino

O Sermão do Fogo de Rita Azevedo Gomes (TBA)
Apesar de não ser certa a sua estreia em 2025 é com grande antecipação que aguardamos pelo novo filme da cineasta portuguesa Rita Azevedo Gomes, que adapta o romance homónimo de Agustina Bessa-Luís. Uma pesquisa em fontes abertas sobre o livro oferece-nos variadas citações, diretas ou de outros autores: “Neste romance “vemos (…) desfilar uma galeria de personagens incríveis, muitas vezes picarescas, mas talhadas, buriladas com tanta perspicácia que todas, afinal, fazem soar aos nossos ouvidos o seu eco comovente de seres profundamente humanos, angustiados e perdidos no “fogo” terrível da vida, paixão, mentira e destruição”.” Não é a primeira vez que Rita Azevedo Gomes adapta literatura da escritora portuguesa e bem sabemos a riqueza que a mesma emprestou ao cinema de Manoel de Oliveira.
Ella McCay de James L. Brooks (TBA)
Com o lançamento de pouco mais do que um filme por década ao longo da sua carreira, o cineasta norte-americano responsável por obras incontornáveis como Broadcast News (1987) e As Good as It Gets (1997) está finalmente de regresso depois de 15 anos de espera. Protagonizado por Emma Mackey, contando no elenco com Jamie Lee Curtis e Woody Harrelsone e com previsão de estreia em 2025, Ella McCay segue uma jovem política idealista que concilia questões familiares e uma vida profissional desafiadora enquanto se prepara para assumir o cargo do seu mentor, o governador de longa data do estado.
Nouvelle Vague de Richard Linklater (TBA)
Depois do extraordinário Hit Man (2023) Richard Linklater está de regresso com Nouvelle Vague, filmado inteiramente em francês e que terá sido submetido ao Festival de Cannes 2025. O filme procurará reencenar a produção de À Bout de Souffle (1960), filme de estreia de Jean-Luc Godard, e a correspondente ascensão do movimento cinematográfico francês que dá título ao filme. Será curioso verificar as eventuais aproximações e a dialética resultante da confrontação entre o cinema de Linklater e o período incontornável da história do cinema francês e mundial.
As escolhas de Rita Cadima de Oliveira

Armand de Halfdan Ullmann Tøndel (TBA)
Não precisando de dar mais cartas na sua já não tão curta carreira, qualquer filme que inclua a multifacetada Renate Reinsve tem em mim um impacto efervescente. De Halfdan Ulmann Tøndel espera-se um desafio emocional, no qual a sua sensibilidade a par de uma densa e profunda análise às questões psicológicas, ampliam a carga e a complexidade emocional das personagens. Por outro lado, a sua estética minimalista e introspectiva irá elevar a sua expectante abordagem às questões relacionamentais, de identidade e conflitos internos. Reinsve desempenha o papel de mãe no desconhecido mundo parental de convicções e redenções do espaço de ensino, onde por vezes a desaprendizagem é superior ao conhecimento. Armand será um filme que mostra as consequências do ultrapassar de limites, mesmo quando os acontecimentos se tornam numa batalha travada por alguém que desconhece o que realmente aconteceu, reinando a culpa e a obsessão.
The Last Showgirl de Gia Coppola (TBA)
Quem nasceu na década de 80, fixou Pamela Anderson como a representação máxima da estética dos 90s, principalmente pelo seu papel como CJ Parker em Baywatch. Desta vez, a diva canadiana é uma bailarina burlesca que responde com brilho e glamour a Gia Coppola, numa Las Vegas dos cabarets que não resistem às falências. A alma da festa é enviada para o desemprego, num período social em que cada indivíduo coabita com sentimentos de superação e solidão. De Coppola neta é-lhe reconhecido um estilo visual sensível e detalhado, que mistura uma estética moderna com uma narrativa retro. A abordagem visual será certamente de época, potencializada pelo ritmo musical para a construção da narrativa. Num óbvio enfoque no empoderamento feminino, é bem possível que The Last Showgirl explore temas de poder, liberdade e identidade, especialmente na profissão de showgirl que historicamente tem sido marcada por estigmas e complexidades sociais. Certamente estas mulheres terão aqui um momento de empatia e valorização por oposição à futilidade do luxo e do glamour a que este universo de exploração é tendencialmente associado. A dualidade será certamente fundamentada pela vulnerabilidade em oposição às expectativas e pressões sociais que têm categorizado o sector do entretenimento.
The Monkey de Osgood Perkins (20 de Fevereiro)
Longlegs foi extremamente falado, bem ou mal, mas foi falado. Desta vez, Osgood Perkins promete mais uma obra perturbadora e desconfortável, de abordagem distinta e caracterizada pelo seu crescente terror mais psicológico e atmosférico do que grotesco. A expectativa apesar do peluche cliché, será sempre de um filme subtil e intrigante, mas perturbador e misterioso. Perkins não depende certamente de sustos viscerais, opta quase sempre pela carga atmosférica que emerge do inesperado, oprimindo as nossas sensações e tornando tudo mais sinistro. Quase nunca seguindo um caminho linear ou tradicional, Osgood Perkins cria histórias que deixam espaço aberto à interpretação. Desta vez mais sobrenatural e surreal, a estética será estilizada, sombria e minimalista, representando o macaco um elemento de terror gótico, acabando por complementar o suspense e o mistério. The Monkey pode sugerir uma metáfora, muitas vezes associada a aspectos primitivos, caos e até à ideia de uma presença inquietante e imprevisível, elementos centrais para a compreensão da ameaça aos humanos, cujos medos e dilemas serão tão expostos quanto aprofundados, sempre num tom de ameaça.
As escolhas de Gil Gonçalves

Dracula Park & Kontinental 25 de Radu Jude (TBA)
Depois de ter assinado aquele que, para mim, foi o melhor filme estreado em Portugal em 2024 (Do Not Expect Too Much From the End of the World), o romeno Radu Jude promete voltar em força, em 2025, com duas longas-metragens. Apesar de nenhum dos filmes ter data de estreia marcada, Jude afirma com confiança que pretende lançar ambos ainda este ano. O projeto maior, Dracula Park, já encerrou a fase de produção e corresponde ao desejo do cineasta de dar ao mundo uma primeira adaptação romena do clássico de Bram Stoker. Quem já estiver familiarizado com o trabalho de Jude saberá que nunca se trataria de uma adaptação fiel. Quem não estiver, poderá confirmá-lo através da tagline com que o filme está a ser anunciado – Make Dracula Great Again. Resta saber como caberá o Conde mais famoso do mundo na nova sátira política do mais terrible dos enfants europeus em atividade. Quanto a Kontinental 25, sabemos, para já, que será um projeto mais modesto, independente e centrado num dilema moral, em diálogo com os temas de Europa ’51, de Roberto Rossellini. Promete…
Hard Truths de Mike Leigh (TBA)
O reencontro de Mike Leigh com Marianne Jean-Baptiste, uma das protagonistas do inesquecível Secrets & Lies (1996), deu-se em 2024 na forma de Hard Truths. Como já é apanágio, Leigh recorre ao método que deu origem a alguns dos seus mais interessantes kitchen sink dramas (que é o mesmo que dizer alguns dos melhores dramas britânicos do final do século XX): o envolvimento direto dos atores na escrita das próprias personagens. Um processo moroso e desgastante, como realizador e atores afirmam, mas quase sempre frutífero na geração de uma profundidade dramática que raramente encontramos no cinema dos nossos dias. Não havendo, para já, previsão de estreia nas salas portuguesas, ficará a cargo dos fãs de “grandes filmes de atores” dispor de todos os meios necessários para visualizar esta obra tardia de um dos grandes mestres deste subgénero.
Miséricorde de Alain Guiraudie (TBA)
Quem leu o nosso artigo dos melhores filmes do ano 2024, encontrará este título no topo da lista do meu colega Miguel Allen. Tendo passado ao lado do radar português (e de grande parte da crítica mundial), esta espécie de noir infuso em notas de comédia absurdista e erotismo enche-me de curiosidade. Será o meu primeiro mergulho na obra de um autor que desconheço, uma empreitada sempre excitante.
As escolhas de Carla Rodrigues

Mickey 17 de Bong Joon-Ho (6 de Março)
Dois dos meus três filmes mais antecipados para 2025 devem esse entusiasmo à colaboração entre realizadores e atores que admiro. Este é um deles. Apesar de não ser a maior fã dos filmes em língua inglesa do Bong Joon-Ho, estou muito curiosa para ver o que ele faz neste Mickey 17. Robert Pattinson, um ator cuja carreira, nos últimos anos, tem sido marcada por escolhas desafiantes e certeiras, facilmente se alinha com o tom que Bong Joon-Ho pretende explorar. Em Mickey 17, acompanhamos Mickey Barnes, um trabalhador descartável numa missão para colonizar um planeta gelado. A premissa em si é intrigante: sempre que Mickey morre, um novo corpo é regenerado, mas as suas memórias persistem. É um conceito que levanta questões existenciais e éticas que Bong Joon-Ho, com o seu humor negro característico, deve deliciar-se a explorar.
Pattinson, pelo que vimos até agora, parece estar a investir numa performance com a excentricidade e versatilidade que já são a sua marca. Com a première oficial a acontecer na Berlinale, o filme está prestes a provar se justifica o hype. Por cá, estreia em abril de 2025.
Superman de James Gunn (10 de Julho)
Pensei um pouco se devia incluir este filme na lista, mas não posso ser hipócrita. Desde o momento em que vi o primeiro trailer, fiquei rendida. O regresso dos clássicos calções vermelhos por fora do fato, a versão trapalhona do Clark Kent de David Corenswet e, inesperadamente, o Krypto, reacenderam o meu entusiasmo por um género que já de há uns tempos para trás parece ter dado o último suspiro (ou pelo menos gasto a última centelha da minha paciência). Este talvez venha a ser o filme que pode devolver ao Super-Homem o que ele representa de melhor: esperança, bondade e inspiração.
James Gunn tem um talento especial para equilibrar humor, coração e ação em histórias que, à superfície, são um pouco banais. Viu-se isso em Guardiões da Galáxia e no Suicide Squad (o bom). Gunn tem jeito para gerir grandes elencos e dar espaço às personagens secundárias o que me deixa esperançosa de que este filme, mesmo com um número arriscado de figuras do universo DC, consiga manter-se coeso.
Este filme parece querer abordar o Super-Homem como uma figura de otimismo, que é exatamente o que esta personagem -e nós – precisa neste momento. Quero acreditar que nos fará sentir novamente que um homem pode voar. Dia 10 de julho irei descobrir.
Bugonia de Yorgos Lanthimos (7 de Novembro)
Depois de Mickey 17, aqui está a segunda colaboração pela qual mais anseio. Yorgos Lanthimos não tem falhado, e Emma Stone continua a provar ser uma das atrizes mais fascinantes da sua geração. Mais um filme em que ambos colaboram? Sim, levo dois, por favor.
A premissa de Bugonia já é, por si só, um prato cheio: dois jovens teóricos da conspiração raptam a poderosa CEO de uma grande empresa, convencidos de que ela é uma extraterrestre com planos para destruir o planeta Terra. Bugonia é um remake de um filme coreano de culto de 2003, Save the Green Planet!, mas, longe disso arrefecer o meu interesse, só o aumenta. A bizarria inerente à história original é o terreno perfeito para Lanthimos expandir a mistura de desconforto, humor absurdista e crítica social de que tanto gosta.
Com Ari Aster na produção, as expectativas sobem ainda mais. Aster é mestre no que toca a narrativas intensas e imprevisíveis, e tem capacidade para oferecer inputs valiosos a um filme como este. E com Emma Stone no centro da história, o potencial para uma performance inesquecível é quase garantido. Stone já provou, especialmente nas colaborações anteriores com Lanthimos, que sabe navegar os tons extremos e ambíguos que ele aprecia explorar.
Estou muito curiosa para ver como Lanthimos vai reinterpretar os temas de paranoia e desconfiança numa era em que as teorias da conspiração se propagam mais rápido do que nunca. Se há alguém capaz de transformar esta base em algo ainda mais bizarro e inesquecível, é ele. Dia 7 de novembro, cá estaremos para ver se Bugonia será mais uma joia na filmografia deste realizador tão único.
As escolhas de Francisco Sousa

One Battle After Another (título provisório) de Paul Thomas Anderson (8 de Agosto)
O próximo filme de Paul Thomas Anderson, que sucede a Licorice Pizza, um dos melhores filmes de 2021, continua envolto em mistério. O filme, que continua sem nome oficial, tem um elenco de luxo, com Leonardo DiCaprio, Regina Hall, Sean Penn, Alana Haim, entre outros. O projecto tem gerado enorme antecipação por se tratar, ao que tudo indica, de uma adaptação de Vineland, um dos mais prestigiados romances de Thomas Pynchon mas cuja adaptação ao grande ecrã constitui um enorme desafio. Com um orçamento de, ao que tudo indica, mais de 140 milhões de dólares, será interessante perceber se a primeira colaboração entre PTA e DiCaprio ficará para a história como um sucesso ou uma catástrofe financeira para a Warner Brothers.
Mission: Impossible – The Final Reckoning de Christopher McQuarrie (21 de Maio)
A last dance de Tom Cruise como Ethan Hunt? Numa saga que está quase a chegar aos trinta anos no cinema, o oitavo filme parece marcar o capítulo final, pelo menos com Cruise no papel principal. Com Cristopher Mcquarrie ao leme pela quarta vez, e com o elenco habitual de volta (Ving Rhames, Simon Pegg, Hayley Atwell), Mission: Impossible – The Final Reckoning é uma sequela directa do antecessor, Dead Reckoning um filme com uma recepção algo desapontante. No entanto, a expectativa de ver Tom Cruise realizar as habituais acrobacias, muitas vezes sem recurso a duplos, deverá ser suficiente para o público ao redor do globo aceitar esta última missão.
Black Bag de Steven Soderbergh (14 de Março)
Steven Soderbergh (Trilogia Ocean, Erin Brockovich, Magic Mike) é um dos realizadores mais inovadores e prolíficos dos últimos 20 anos. Um dos seus projectos mais recentes, Black Bag, estreia dia 14 de março. Com um elenco recheado (Michael Fassbender, Cate Blanchett, Naomie Harris, entre outros) e com um argumento escrito por David Koepp (Jurassic Park, Missão Impossível), Black Bag retrata um casal de espiões e uma lealdade entre ambos que será posta à prova. Com o seu 36ª filme, adquirido pela Focus Feature, o realizador americano volta finalmente às salas de cinema depois de algumas experiências que passaram directamente para as plataformas de streaming.
Avatar: Fire and Ash de James Cameron (19 de Dezembro)
“Never bet against James Cameron” tornou-se um lema bem conhecido em Hollywood. Ao longo da sua carreira, o realizador canadiano assinou alguns dos filmes mais bem-sucedidos da história do cinema norte-americano, e os dois primeiros Avatares não são exceção. No capítulo anterior, The Way of Water, acompanhámos a família Sully em busca de refúgio junto do clã Metkayina, enquanto Quaritch se consolidava como a grande força antagonista de Pandora. Sobre o próximo filme, Avatar: Fire and Ash, ainda pouco se sabe, além de que irá explorar o lado mais sombrio dos Na’vi e a força destruidora do fogo. O projeto, que já foi adiado nove vezes, tem estreia prevista para o dia 19 de dezembro
As escolhas de Hugo Dinis

O Agente Secreto de Kleber Mendonça Filho (TBA)
O ano de 2024 trouxe com ele, no contexto do cinema brasileiro, nova abertura e oportunidade para a exploração de temas relacionados com os anos de ditadura naquele país. A prova disso é a aceitação global do novo filme de Walter Salles, Ainda Estou Aqui, com estreia marcada em Portugal para dia 16 deste mês, a contar com a performance recentemente galardoada nos Globos de Ouro de Fernanda Torres. Com um olhar crítico e oportuno relativamente às questões de desigualdade social num país de profundas contradições, Kleber Mendonça Filho tem aqui a sua primeira longa de ficção desde Bacurau e uma oportunidade para contar com Wagner Moura, outra instituição brasileira, enquanto homem em fuga de um passado e em busca de um futuro no contexto da opressão ditatorial no Recife.
The Mastermind de Kelly Reichardt (TBA)
Não tem sido fácil conseguir lançamentos em sala para os filmes de Kelly Reichardt. Uma das suas obras mestras, First Cow, apenas beneficiou de exibições exclusivas em 2019, pela sua associação com a plataforma de streaming Mubi, e Showing Up, a sua última longa com protagonização de Michelle Williams em 2022, passou completamente despercebida em Portugal. A cineasta americana, de toque leve e câmara delicada, conta já com um longo currículo de títulos a lidar com a exploração da ruralidade americana e a coexistência de comunidades no contexto de uma América em constante evolução. Em The Mastermind, a ver em 2025, Reichardt irá colaborar com Josh O’Connor enquanto ladrão de obras de arte, num revisitar da guerra do Vietname que também representará mais um passo na interessante carreira de Alana Haim na representação, após Licorice Pizza de Paul Thomas Anderson.
Alpha de Julia Ducournau (TBA)
Tem sido uma ascensão meteórica para Julia Ducournau desde que apareceu em cena. A sua primeira longa, Raw, propôs uma brutalidade imediatista que não só assumiu um certo estatuto de filme de culto praticamente de imediato como apenas foi superada pela examinação maximalista e gratuita de Titane, que valeu a Ducournau a Palma de Ouro em 2021. Confesso que não fui propriamente o melhor alvo destas explorações escatológicas de Ducournau, e particularmente passei ao lado desta miscelânea tonal que foi Titane, mas há algo de iconoclástico em Ducournau que parece sempre apontar a algo desafiante e diferente em tempos cinematográficos marcados pela nostalgia e pela segurança do que já foi feito. Alpha junta Ducournau a Golshiteh Farahani, a actriz de About Elly de Asghar Farhadi, afastada que está da representação no seu país natal, num filme sobre ostracização social situado na homogeneização cultural dos anos 80.
As escolhas de André Filipe Antunes

The Phoenician Scheme de Wes Anderson (TBA)
“O novo Wes Anderson” é uma frase recebida de duas formas diferentes consoando o cinéfilo. De um lado, os que se cansam das ornamentadas casas de bonecas e matrioskas narrativas do realizador de Grand Budapest Hotel ou Asteroid City; do outro, os que continuam a apreciar o romantismo e a nostalgia do projeto cinematográfico de décadas do cineasta. 2025 trará nova oportunidade para essa eterna discussão com The Phoenician Scheme, um caper de espionagem que serve de reencontro com o seu colaborador frequente, o argumentista Roman Coppola, e volta a ter um elenco de luxo, encabeçado por Benicio del Toro, Michael Cera (uma estreia) e Bill Murray (claro).
No Other Choice de Park Chan-wook (TBA)
Adaptação do thriller literário The Ax, de Donald Westlake, a mais recente obra do autor de Oldboy, A Criada e Decisão de Partir começou a filmar no último verão e poderá chegar ainda este ano às salas, prometendo ser mais um capítulo na violenta e mordaz obra de Chan-wook. Conta a história de um homem, tendo ido parar ao desemprego após décadas de serviço, está a disposto a tudo – até matar – para encontrar uma nova ocupação e sustento para a família.
Anemone de Ronan Day-Lewis (TBA)
Daniel Day-Lewis está de volta. Oito anos após a sua despedida e “reforma” com o sublime Linha Fantasma, de Paul Thomas Anderson, aquele que é para muitos o maior ator vivo ressurgiu, para surpresa geral, em setembro do ano passado, quando fotografias suas e de Sean Bean nas ruas de Manchester confirmaram o regresso com Anemone, filme que co-escreveu com o filho, Ronan Day-Lewis, que aos 26 anos se estreia na realização. Sobre se este comeback é definitivo ou apenas um interregno momentâneo na “reforma” para ajudar a lançar a carreira do filho, só o tempo dirá.