Terceiro dia de terror do Motelx, onde fomos à Coreia do Sul, Estados Unidos e Irlanda. O destaque vai para a sessão esgotada de MaXXXine, o último capítulo da trilogia de Ti West composta por X e Pearl, que segue Mia Goth nas suas aventuras em Hollywood enquanto um serial killer está à solta. A reacção foi no mínimo polarizadora. Oddity, com o seu boneco de madeira e casa assombrada, convenceu os presentes com um terror em crescendo, tendo sido um dos filmes mais bem recebidos do festival. Já Exhuma percorreu vários subgéneros do terror, num filme longo e de alto orçamento que relembra The Wailing e os seus xamãs. Um dia forte que abre o apetite para o que ainda estará para vir.
MaXXXine (2024) de Ti West
In this business, until you’re known as a monster you’re not a star.
Bette Davis
A árdua tarefa de concluir uma aclamada trilogia suscitou a Ti West muitas críticas. Neste último filme da saga, o realizador proporciona-nos um decadente e sangrento passeio pela violenta mas divertida Hollywood dos anos 80. O filme é um flirt constante com diversos estilos cinematográficos, mas sobretudo fazendo lembrar o velho giallo de Dario Argento. É um filme electrizante e é, acima de tudo, uma energizante e bonita homenagem ao cinema e a quem lhe dedicou o seu talento. Nunca escondendo a sua faceta de thriller erótico, Maxine Minx, a estrela de filmes para adultos e aspirante a actriz, consegue finalmente a sua grande oportunidade. No entanto, ao invés de aprofundar a compreensão da sua busca incessante pela fama, este apenas a recapitula, puxando e empurrando Mia Goth a reproduzir cenas e tons que funcionaram nos filmes anteriores. MaXXXine está repleto de referências ao género e a sua estética retro é muito bem trabalhada, transpirando brilho e glamour. A cinematografia, as mortes, o gore inspirado no giallo e o design de produção estão excepcionalmente atractivos. Contudo, talvez sejam insuficientes as emoções proporcionadas e as reviravoltas existentes são pouco aprofundadas. No fundo, MaXXXine é um filme retro, bastante cool e divertido. Mistura o horror estilizado dos anos 80 com o noir, mesmo que não sejam acrescentadas muitas camadas à personagem de Mia Goth, acaba também por não ser somente gore. O guião aprofunda a psique de Maxine, explorando a sua ambição, vulnerabilidade e o preço da fama, assegurando uma suficiente ressonância temática entre este, Pearl e X.
Rita Cadima de Oliveira
Ti West é para alguns um dos maiores nomes do terror norte americano contemporâneo. The House of the Devil e The Innkeepers foram dois exercícios brilhantes, mas foi com a trilogia composta por X, Pearl e agora MaXXXine, que o realizador assentou na ribalta. Adepto fervoroso da estética do terror dos anos 80, MaXXXine não se escapa, oferecendo ainda uma bela crítica ao showbusiness de Hollywood. Se X foi uma homenagem aos slashers do passado, MaXXXine será a carta de amor do realizador ao giallo italiano, um filme cómico, exagerado, incoerente, sangrento e delicioso, como serão os filmes de Argento. Começando com uma bela introdução a um case study de personagem (Mia Goth volta a ser protagonista), MaXXXine rapidamente vai destapando o seu giallo à medida que o misterioso assassino de luvas pretas, Night Stalker, vai matando as suas vítimas de forma brutal. O estereótipo dos agentes Bobby Cannavale e Michelle Mohnagan é delicioso, tal como Kevin Bacon na pele de tosco detective extorcionista, entre tantos outros elementos dessa bela e ilógica filmografia giallesca. É verdade que a meio momento MaXXXine perde algum gás, mas tudo se resolverá no seu ridículo final, em plenos letreiros de Hollywood nas colinas, com crucifixos nos olhos, one liners e cabeças explosivas. Existirão três lentes para o filme de Ti West: a de um filme péssimo, a de uma cópia de mau gosto de outros autores, e por fim a de homenagem a esses mesmos autores. Se outros têm direito a cartas de amor a um certo tipo de cinema, não terá também Ti West? Talvez ironicamente tenha realizado um melhor giallo que o patético último esforço de Argento, Dark Glasses.
David Bernardino
Aspirante a giallo com sobrecarga evidente de referências, MaXXXine não é o tal “B-movie with A-movie ideas” (nas palavras de Debicki), que Ti West certamente gostaria de ter realizado. Os seus delitos são sempre um tanto pudicos, e apesar da aparente diversão, num filme que se vende enquanto De Palma narrado por Animotion (“you are an obsession!”), o exercício é académico e enfadonho, estando muito longe da mais tímida transgressão. Chega talvez a seduzir-nos, um pouco, pela temática e seu discurso cinéfilo, embora tão gentrificado. E Mia Goth, num filme completamente dependente da sua protagonista e produtora, ainda se tolera, apesar de estar manifestamente a esgotar as suas últimas cartas. Mas a ausência de propósito deste “terceiro capítulo” é simplesmente confrangedora, e se a trama é particularmente irrelevante, de decurso quase mecânico, dificilmente poderíamos aterrar num desenlace mais desinteressante – e desinteressado ?
Miguel Allen
É muito difícil encontrar pontos positivos num filme que quase não parece interessado em existir enquanto tal. Mesmo se não gostássemos particularmente dos pastiches de X ou Pearl (os antecessores de MaXXXine, com o qual compõem uma trilogia), reconhecer-lhes-íamos sempre conceitos-base, um carinho por determinadas épocas, estéticas e gramáticas (quer a nível de imagética, quer de guião). Não sendo filmes particularmente profundos, tinham um fio condutor, ideias trabalhadas e delineadas. Não encontramos, em MaXXXine, qualquer vestígio dos elementos que, de forma mais ou menos bem sucedida, notabilizaram esses filmes. Aqui há um conjunto de signos de diversos géneros e obras que já vimos, que fazem MaXXXine assemelhar-se a algo como eles, mas não a um filme como eles (e muito menos a um filme novo). O guião perde-se ora nessa mixórdia – ensaiando um giallo, um noir, uma sátira a Hollywood e ao pânico satânico dos 80s (sempre em jeito de notas de rodapé, sem nunca dar seguimento a algum desses caminhos) -, ora na redoma autorreferencial da “saga” de Ti West. Não parece obra de mão humana, com intuito criador, mas de um pedido apressado ao ChatGPT, de modo a garantir uma entrega atempada. As consequências são claras no enredo e nas personagens, que têm tanto de genérico como de vago, mas também na impossibilidade de um tom definido (é suposto assustarmo-nos, rirmo-nos…?) ou na incapacidade de evocar uns anos 80 que se assemelhem aos vividos (ou registados) no nosso plano de realidade. Visualmente, tudo é anódino. As cenas parecem ter pouca ligação ou significado entre si. A única cola entre elas é a insistência numa academização das composições, dos movimentos de câmara e da montagem que, na ânsia de evitar erros crassos, ou eventual humor involuntário, anulam qualquer partícula de humanidade que aqui pudesse existir. Assim é natural que este conjunto de imagens em movimento não revolte, insulte, incomode ou envergonhe. Menos claro é que nele se possa encontrar um filme.
Gil Gonçalves
Depois da apetecível entrada que foi X e do delicioso prato principal que foi Pearl, MaXXXine é como aquela sobremesa para a qual já não temos espaço, mas que insistimos em comer. Não era precisa, ficamos a abarrotar e prometemos não voltar a ter mais olhos que barriga. Mas, ainda assim, o apelo da sobremesa é irresistível. É necessário? Não. Na verdade, ficávamos melhor sem ela. Mas é sempre aquele docinho que cobiçamos para terminar a refeição. O filme arranca bem, com muito para nos agarrar – pelo menos até ao último terço. No centro da história, está um comentário mordaz sobre os perigos da ambição cega e da perseguição obsessiva pela fama. Mas o clímax é apressado e roça o ridículo, como se estivesse a tentar resolver pontas soltas que realmente não precisavam de ser atadas. Mesmo sendo o mais fraco da trilogia, MaXXXine não é um mau filme: encapsula, com o nível certo de exagero, a essência de Hollywood nos anos 80 – a paisagem suja, mergulhada em cocaína e neon de Los Angeles durante o auge da “pânico satânico”. Ti West mistura uma pitada de giallo com uma mão cheia De Palma, e uma boa dose de nostalgia. Nesse sentido, é uma carta de amor assumida, e essa sinceridade acaba por ser cativante. O ritmo é ágil durante a maior parte do filme, e, apesar de algumas linhas narrativas dispersas e nem sempre satisfatórias, o entretenimento não desaparece. Grande parte desse mérito vai para Mia Goth – a sua Maxine, faminta por sucesso, implacável e feroz, é absolutamente magnética. No final, MaXXXine deixa-nos com a ideia de que é um filme desnecessário, como uma sobremesa que comemos só por gula. Não é uma conclusão à altura do que a trilogia prometia. Talvez as expectativas fossem altas demais, ou talvez MaXXXine não tivesse realmente muito mais para oferecer além da sua estética impecável. Ainda assim, lembra-nos que, tal como numa refeição, nem sempre precisamos de sobremesa para fechar a experiência, especialmente quando a memória do prato principal já era suficientemente marcante.
Carla Rodrigues
Oddity (2024) de Damian Mc Carthy
Darcy e Dani são duas irmãs gémeas com vidas bastante distintas mas com uma grande e forte ligação emocional. Uma é casada, a outra é solteira, cega e medium. Numa vida em que quase tudo as distancia, só a cumplicidade as aproxima. Após ser brutalmente assassinada na casa senhorial e recondita onde Dani e o marido se preparam para viver, Darcy inicia uma odisseia para encontrar os responsáveis pela morte da irmã, recorrendo ao folclore e ao oculto, como instrumentos de vingança. Os objectos assombrados que utiliza têm a forma de um baú de madeira que contém uma figura de escala humana também de madeira. Damian McCarthy não coloca na sala um elefante, mas sim um homem de madeira, de aspecto aterrador, numa feição representativa de um grito ininterrupto e faz com que todas as personagens se apercebam disso. Esta figura não está escondida. Está ali, sentada onde toda a gente a vê. E toda a audiência pergunta quando é que aquela coisa vai deixar de ser um horror contido e passivo para se levantar e nos fazer perder o fôlego. Apesar da sua estrutura tímida e modesta, Oddity exalta rapidez, como filme límpido, inteligente e assertivo que é. Somos constantemente sacudidos pelo design de som, num pavor constante, de inevitabilidade do mal e do susto. A sua veia de jump scare, apesar de tão previsível quanto imprevisível, é simples e eficaz, criando uma atmosfera, estilo e horror sorrateiros. Há sustos legítimos que funcionam graças à constante construção, tensão e arte que o elenco nos proporciona, pela mão segura de um sólido realizador e por uma boa interpretação de Carolyn Bracken, que hiptoniza o mais céptico e descrente.
Rita Cadima de Oliveira
Um dos filmes sensação do terror de 2024, o irlandês Oddity é um slow burn carregado de camadas. O realizador Damian Mc Carthy dá uma masterclass de suspense de localização, atribuindo à casa onde ocorreu um misterioso assassinato alma própria através de vários objectos que nela se incorporam. Cabe à irmã gémea da falecida procurar descobrir a verdade através dos poderes de médium que afirma ter. Num primeiro momento Oddity parece ser só mais um bom slow burn, mas à medida que desenrola o novelo do seu argumento e move as suas curiosidades pela casa (aplauso para o sinitro boneco de madeira em tamanho humano real) a percepção de que estamos perante um relógio suíço fílmico é inegável. Até que infelizmente se parte… A decisão narrativa que, a certo momento, elimina o mistério da trama, é uma verdadeira tragédia difícil de entender. É como se o realizador deliberadamente escolhesse matar o seu filme. Ainda assim Oddity aguenta-se até ao fim, esboçando um sorriso. Fica a mágoa daquilo que poderia ter sido uma obra-prima.
David Bernardino
A momentos, trata-se de um exercício de terror quase de câmara, num filme de escala modesta, tanto a nível narrativo como na sua produção – e nisso longe dessa agressividade sócio-comercial do cinema gentrificado (dito elevated) contemporâneo. A “lista de compras” de Oddity é, ainda assim, particularmente longa. Por efeito dos nossos tempos, temos aqui a casa isolada no campo, o asilo assustador de aparência vintage, as duas gémeas, a mulher duplicada, a médium invisual, um falso culpado, um fantasma, um mostrengo, um assassino, e um autêntico psicopata. E isto sem falar dos objectos curiosos e importantes que vão enriquecendo pontualmente a trama. Mas se forçosamente inconcludente quanto às suas numerosas sugestões narrativas – o melhor exemplo sendo, claro, a titular figura em madeira, que se reposa durante uma hora em cena, sem que saibamos bem porquê – e apesar do evidente esforço do qual parece sempre necessitar para ir de um ponto A ao ponto B, Oddity interessa-nos pelo seu valor mais “concreto”, ao operar a gramática do género de uma forma salutarmente simples, enquanto revela uma sincera curiosidade formal, e nisso psicológica, pelas coisas que dispõe em cena. A arquitectura daquela wrong house oferece ao filme o campo necessário para conter essa sua trama profusa. Já a involuntária assepsia material (textural?) das imagens é pouco sedutora – nas palavras de Dani (essa protagonista eliminada nos primeiros minutos do filme – sim, como naquele outro clássico), como pode, efectivamente, um fantasma habitar aqueles espaços renovados ?
Miguel Allen
Oddity é uma verdadeira lição de como contar uma história de fantasmas — tensa, arrepiante, e com uma atmosfera que goteja puro horror, daquele que nos parece abrir um vazio no estômago. Desde a excelente cena inicial, que nos agarra com uma sensação de desconforto e incerteza, que percebemos ao que vamos. Uma montanha-russa de pouco mais de hora e meia, rápida e eficaz, que faz os nós dos dedos ficarem brancos de tanto nos agarrarmos ao assento. Oddity é incrivelmente eficiente na boa velha arte de pregar sustos. Sim, recorre aos famigerados “jump scares”, mas fá-lo com uma mestria rara. A atmosfera pesada e opressiva mantém-nos em alerta constante, o que faz com que cada susto funcione de forma genuína, sem parecer um truque barato. O toque de folk horror — ainda que não seja explorado em todo o seu potencial — acrescenta uma camada intrigante que diferencia Oddity de outros filmes sobre casas isoladas e fantasmas vingativos. Há algo de simples, mas incrivelmente eficaz, no conceito e no cenário: uma médium cega, um hospital delapidado para criminosos mentalmente instáveis, e uma casa isolada no meio do nada. Remete para algo do cinema italiano de terror, embora de uma forma bastante mais downplayed e sem os exageros a que esse género nos habituou. A cinematografia é perfeita para o que o filme se propõe a fazer – assustar – e preenche a casa de presságios gelados, de espaços vazios nos quais o nosso olhar assenta e parece ver coisas que não estão lá. Ou estarão? Por outro lado, Oddity tropeça ao deixar subdesenvolvida a mitologia em torno dos elementos mais intrigantes, como o sinistro golem de madeira que ganha destaque no enredo. Esculpido com traços de sofrimento, o golem torna-se uma presença constante e perturbadora, mas a sua origem e propósito permanecem desconfortavelmente vagos. A conclusão do filme também não foi inteiramente satisfatória e teve elementos algo cliché, infelizmente com ecos da vida real. A falta de profundidade nas personagens acaba por diluir o impacto emocional que o filme tenta alcançar. Mas, se o objetivo for apenas sentir aquele arrepio na espinha e berrar um ou outro impropério, Oddity cumpre com distinção. É um daqueles filmes para ver de luzes apagadas, e talvez, só talvez, deixar uma luz de presença acesa antes de ir dormir.
Carla Rodrigues
Quem se focar maioritariamente no aspeto narrativo de Oddity terá um valente dissabor. Talvez por demasiada autoconsciência da simplicidade da história em mãos, James Mc Carthy procura camuflá-la, tanto quanto pode, numa profusão de elementos de género, diferentes imaginários e muitos objetos-símbolo, de modo a forçar um mistério que não saberá suster de forma equilibrada. O ritmo do filme ressente-se com uma revelação demasiado escancarada a meio, à qual se segue uma segunda parte necessariamente apressada e com menos interesse. E contudo, no meio de todos esses pecados de guião, há algo de muito estimulante a acontecer a nível artesanal. No fundo, o caminho que a história segue pouco importa neste laboratório de sensações onde o cineasta nos coloca, sabendo muito bem como dispor os elementos (seja a arquitetura da casa de campo, sejam os objetos da loja de curiosidades, seja a escuridão), para onde apontar a câmara e como gerir a montagem para atingir efeitos muito concretos (encontramos aqui alguns dos melhores e mais “elegantes” jump scares de que há memória em muito tempo). Será forçosamente um filme de momentos, mas a sua economia espacial e visual, a concentração da ação em poucos sets e a precisão técnica fogem habilmente ao espalhafato intrusivo que encontramos na maioria dos projetos de terror da atualidade e mantêm-nos presos durante toda a duração.
Gil Gonçalves
Exhuma (2024) de Jae-hyun Jang
Este filme de terror coreano apresentou-se como um dos mais ambiciosos da 18ª Edição do Motelx, mas acaba por aspirar inserir-se em mais géneros do que o recomendado. Do oculto ao paranormal, do exorcismo às possessões, arrisca também infiltrar-se num contexto histórico e cultural imperialista, misturando Japão e Coreia e desajustados profissionais do sector (mediums e chamans). Após a descoberta da origem de uma perturbadora aflição sobrenatural na sepultura ancestral e abastada família coreana a residir em Los Angeles, uma equipa de peritos paranormais desloca os restos mortais deste antepassado, arriscando-se e atrevendo-se a provocar fantasmas do passado. Mas também as suas consequentes assombrações. O seu foco é sobretudo nas consequências avassaladoras resultantes da exumação de uma sepultura errada. Contudo, no seu todo, é um filme mais abrangente do que deveria ser, inserindo demasiadas temáticas no argumento, não se ficando apenas pelos exorcismos e possessões. Apesar da escrita inteligente, dos bons desempenhos e de alguns efeitos especiais notáveis que o poderiam elevar, esta história de fantasmas acaba por misturar o moderno e o ancestral de uma forma algo vazia e pouco palpável. Por outro lado, por mais que seja género gasto e cansado, a atmosfera que o rodeia é, sem dúvida, sinistra e agoirenta. A capacidade de contar uma história com cenários realistas e arrepiantes está lá, mas é narrada de uma forma extremamente lenta, tornando o filme demasiado longo e cansativo.
Rita Cadima de Oliveira
Thriller de terror sul coreano da escola do brilhante The Wailing (na humilde opinião deste escriba um dos mais bem afinados da última década), Exhuma trata a união de forças entre uma “shaman”, uma espécie de feiticeira, e um “geomancer”, uma espécie de feng shui da terra, para acalmar um espírito enfurecido numa sepultura misteriosa. Tal como The Wailing, o filme percorre, com grande cadência e de forma escorreita, vários subgéneros do terror, acumulando tensão num crescendo em direção a vários climaxes, cada um mais grandioso que o anterior. Exhuma tem momentos verdadeiramente arrepiantes e de grande solidez, contruindo o seu universo fantástico de forma coerente, mas o seu excessivo pastiche e repetição rítmica acabam por o tornar algo insuflado.
David Bernardino