Megalopolis, de Francis Ford Coppola: Ontem, Hoje e Amanhã

Pedro BarrigaMaio 20, 2024

Time… stop. O tempo parou para assistir ao novo filme de Francis Ford Coppola. O seu primeiro filme em 13 anos foi, sem sombra de dúvida, o mais aguardado da 77.ª edição do Festival de Cannes.

New York é agora New Rome, cidade em declínio onde reinam duas famílias rivais: os Ciceros e os Crassus. Franklyn Cicero (Giancarlo Esposito) é o recém-eleito Presidente da Câmara. O seu foco no presente contrasta com o futurismo de Cesar Catalina (Adam Driver), sobrinho de Crassus. Megalopolis trata-se de um projeto tão megalómano como o seu protagonista Cesar, um urbanista idealista que deseja ver-se livre do passado — tanto do seu, como da arquitetura datada da sua cidade.

Narrado pela voz inconfundível de Laurence Fishburne, que também interpreta um pequeno papel como motorista de Cesar, Megalopolis é a obra de um velho, mas não um “Velho do Restelo”, pelo contrário. Um filme que olha para o futuro e para as suas infinitas possibilidades. Vêm à mente Michael Mann e o seu recente Ferrari, também este um filme sobre um criador atormentado, protagonizado por Adam Driver e realizado por um cineasta octogenário.

O argumento, assinado também ele por Coppola, é dos seus mais brincalhões, a começar pelos nomes das personagens. Desde os nomes de origem romana aos faux-modernos — o melhor exemplo sendo a jornalista Wow Premium, interpretada por Aubrey Plaza. “You look magnificent, Wow.”

Ainda que nem tudo funcione em termos narrativos (o desenlace é apressado e simplista), nem em termos visuais (com o ocasional efeito visual de qualidade questionável), Megalopolis é estonteante. Um festim visual. Caótico, mas ambicioso. Muito para digerir, mas que bom que assim o é!

Megalopolis foi exibido no passado dia 16 de Maio, em competição oficial no 77e Festival de Cannes. O filme estreia em Portugal dia 17 de Outubro.

Artigo actualizado a 4 de Outubro de 2024 (data de estreia em Portugal)

Pedro Barriga