FEST – New Directors New Films Festival 2024 – Parte II

Rafael FonsecaJulho 3, 2024

Terminou na passada segunda-feira o FEST – New Directors New Films Festival, que encerrou a sua vigésima edição com chave de ouro, no final de uma semana de enorme sucesso em Espinho.

Depois do nosso último texto aqui na Tribuna, Yorgos Lamprinos, editor de The Father, com Anthony Hopkins, deu uma masterclass sobre a sua carreira até à data e sobre algumas das muitas idiossincrasias a ter em conta quando se está a montar um filme, usando esse filme como estudo de caso em particular: rimas, silêncios, saber excisar cenas, coesões, elementos sinfónicos.

Assistimos também à masterclass de Melissa Leo, actriz conhecida por The Fighter (2010), Prisoners (2013) e Frozen River (2008), uma aula interactiva, com todos os participantes no chão do auditório e a Melissa na plateia, onde a actriz nos falou sobre o seu percurso de vida, de carreira, e aquilo que considera mais importante transmitir a actores e a pessoas interessadas em trabalhar com actores.

Susana Costa Pereira, da desk portuguesa da Creative Europe Media explicou-nos no seu tempo no auditório o funcionamento geral dos financiamentos europeus deste produto, que podemos frequentemente ver assinalados no início de muitos filmes em circuito comercial alternativo.

Finalmente, Kenneth Lonergan, escritor e realizador de Manchester by the Sea focou a sua palestra no papel duplo de um argumentista que também realiza. Mostrou-nos vários excertos comentados de filmes que considera fulcrais para uma compreensão de boa escrita/boa realização, como City Lights (1931) de Charlie Chaplin, e Network (1976) de Sidney Lumet.

Yorgos Lamprinos mostra-nos a sua timeline de The Father, no programa AVID Media Composer
Susana Costa Pereira fala-nos dos financiamentos MEDIA da Creative Europe

O nosso grande foco de resto foram as sessões do Grande Prémio Nacional de curtas-metragens de jovens realizadores, de onde destacamos Unicorn Hunting de Miguel Afonso, um filme super refrescante, de uma voz surrealista original e convicta, que acompanha um Herói que tem de arranjar até ao final do dia três unicórnios, um para a namorada, um para a mãe, e outro para a entidade empregadora; Um beijinho, de Emília Veloso, primeira-obra de uma sensibilidade e delicadeza notável, tanto temática como em pensamento cinematográfico – Solda, de Dinis Leal Machado, um óptimo filme, exemplar na sua habilidade e estrutura, que acompanha um pequeno troço de Verão entre um pai soldador e um filho a escrever a tese de mestrado para Belas Artes; e The Closing of a Refinery, de Vasco Monteiro, “co-escrito” com Chat GPT, um belo trabalho sobre o fecho da refinaria de Matosinhos que continua a “assombrar” Estado e populares, e as “visões” da Inteligência Artificial em relação ao assunto – um dos vários filmes experimentais no programa, presença que muito se elogia.

Inevitavelmente curta demais, terminámos em Espinho a semana de um festival excelente, com uma vertente social e de networking verdadeiramente excepcional, um festival de um carácter energizante, de onde se sai com novos horizontes, um óptimo foco no didáctico, na evolução e na aprendizagem, e ao qual voltaremos com certeza para o ano.

 

Rafael Fonseca