Dossier Wim Wenders, Vol. V – Buena Vista Social Club

Buena Vista Social Club, realizado por Wim Wenders e lançado em 1999, é um documentário que se tornou um marco na carreira do realizador alemão. O filme acompanha o músico americano Ry Cooder numa viagem a Cuba, onde, com a ajuda de músicos locais, regista e volta a popularizar a música tradicional cubana, especialmente aquela que surgiu na década de 1940. O documentário capta não só a música vibrante, mas também as histórias de vida dos músicos que compõem o Buena Vista Social Club, um coletivo que se tornaria famoso mundialmente após o lançamento do filme e do álbum associado.

No contexto da carreira do realizador, Buena Vista Social Club insere-se numa fase em que o realizador alemão estava a explorar novos territórios no campo do documentário. Após o sucesso de filmes como Paris, Texas (1984) e Wings of Desire (1987), Wenders dedicou-se a projetos que desafiavam a distinção entre cinema ficcional e documental. Buena Vista reflete esta transição, sendo um exemplo de como o cineasta utiliza o documentário para explorar a verdade emocional e cultural dos seus temas, sem perder a poesia visual que caracteriza a sua obra.

Wenders adota, neste filme, uma abordagem documental mais direta. O filme é uma celebração da cultura e da música cubana, mas também é uma reflexão sobre a passagem do tempo e a redescoberta. Através das lentes de Wenders, Havana é apresentada como uma cidade cheia de vida, apesar das dificuldades económicas, e os músicos são retratados com dignidade e humanidade. A câmara foca-se em momentos íntimos e autênticos, como as sessões de gravação e os ensaios, mas também nos leva pelas ruas da capital cubana, permitindo que o espectador sinta o pulso da cidade e a essência da música que dela emana.

O sucesso de Buena Vista Social Club não só trouxe uma nova atenção para a música cubana, mas também marcou um ponto alto na carreira de Wenders. O documentário foi aclamado pela crítica e pelo público, e foi nomeado para o Óscar de Melhor Documentário em 2000. Através deste filme, Wenders, com a sua sensibilidade habitual, reafirma-se como um dos grandes mestres do cinema contemporâneo, capaz de transformar histórias simples em experiências cinematográficas profundas e universais.

 

Francisco Sousa