Críticas a Sing Sing, de Greg Kwedar

EquipaFevereiro 10, 2025

A vida de um pequeno grupo de teatro entre presidiários de uma prisão de segurança máxima. Baseado em factos reais, Sing Sing é um filme comovente sobre o “poder transformador da arte” e, necessariamente, sobre as falhas e injustiças do sistema judicial americano. O filme é também o veículo para uma interpretação portentosa de Coleman Domingo (nomeado para o Óscar de Melhor Actor). Dois tribunos foram ver esta segunda longa-metragem de Greg Kwedar e deixam-nos a sua crítica.

Divine G, preso por um crime que não cometeu, encontra um propósito para os seus dias ao participar num pequeno grupo de teatro ao lado de outros reclusos. Enquanto se dedica à sua paixão, Divine G está também determinado a provar a sua inocência e recuperar a sua liberdade.

 

Ainda que estreado no Festival de Cinema de Toronto, Sing Sing é em tudo um filme muito Sundance: divertido, inspiracional, acolhedor, comovente. Quanto à sua temática, o realizador e co-argumentista Greg Kwedar demonstra como o sistema de justiça criminal dos Estados Unidos é longe de perfeito – já o sabíamos. E também defende que o cumprimento da pena deveria servir de reabilitação, não de castigo – algo com que é fácil concordar. Infelizmente, o guião não acrescenta mais nada. Não propõe ideias que nos façam pensar ou debater. Colman Domingo está bem no papel principal e Paul Raci, mais conhecido de Sound of Metal, é uma agradável presença, mas os actores não-profissionais que os acompanham são tão surpreendentemente convincentes que acabam por ofuscar Domingo e Raci. Destaque especial para Clarence Maclin, que falhou a nomeação ao Óscar de Melhor Ator Secundário mas cuja interpretação solta e, por isso, realista bem merecia o voto da Academia.

Pedro Barriga

 

Sing Sing é um filme profundamente humano que destaca o poder da arte na transformação e reintegração do indivíduo. Inspirado em eventos reais, a obra acompanha Divine G (Colman Domingo), um homem injustamente condenado que encontra no teatro uma forma de redenção dentro da prisão de segurança máxima de Sing Sing. Colman é, como sempre, cativante, equilibrando força e vulnerabilidade, mas é Clarence Maclin – um ator não profissional e ex-presidiário – quem traz um realismo arrebatador ao filme. O grande trunfo de Sing Sing está na sua autenticidade. O realizador Greg Kwedar optou por um elenco composto, em grande parte, por antigos participantes do programa de teatro da prisão, conferindo ao filme uma carga emocional genuína. O filme não trata apenas da dureza do sistema prisional, mas do papel da arte como ferramenta de libertação interior, proporcionando dignidade e um sentido de identidade àqueles que a sociedade frequentemente esquece. Visualmente sóbrio e sem recorrer a dramatizações excessivas, Sing Sing evita sentimentalismos fáceis, entregando um retrato sincero e tocante sobre humanidade, esperança e a busca por uma segunda oportunidade.

Francisco Sousa