Leonor Teles saltou para o estrelato há quase uma década, com a sua curta Balada de um Batráquio (2016). Levou o filme a Berlim e de lá saiu com um Urso – mais concretamente, o Urso de Ouro para Melhor Curta-Metragem. O ano de 2018 viu nascer a sua primeira longa-metragem, Terra Franca, um documentário sobre o pescador Albertino Lobo, lobo solitário do vale do Tejo. Um filme que começa como um estudo de um só indivíduo, mas acaba por se transformar numa verdadeira odisseia familiar. No seu novo filme BAAN, a sua primeira longa de ficção, somos apresentados a L (“El“), uma arquiteta portuguesa a viver em Lisboa. A jovem personagem é interpretada por Carolina Miragaia, cujo visual por várias vezes faz lembrar a própria Leonor Teles. Um dia, L conhece K (“Kay“) (Meghna Lall), nascida na Tailândia mas crescida no Canadá.
BAAN é um filme desconexo, para o bem e para o mal. Por um lado, a frequente alternância entre Lisboa e Banguecoque contribui para uma confusão cronológica e geográfica bastante interessante. Em certa cena, L come um gelado à porta de um restaurante asiático, mas apercebemo-nos de seguida que estamos em Lisboa. Noutra cena, L entra numa loja repleta de letreiros em tailandês, mas dirige-se em português ao funcionário. “Um maço de Lucky Strike”. À saída da loja, uma placa em néon diz “ABERTO”.
Por outro lado, o argumento apagado resulta num filme algo inerte – não é um grafíti com a frase “mais inflação, mais fascismo” que vai mudar o mundo. Uma mensagem sobre a Lisboa de hoje em dia, bem intencionada mas tímida.
Com BAAN, Leonor Teles realça as multitudes da cidade de Lisboa e dos seus habitantes, com foco na juventude portuguesa, cujo dia-a-dia tem tanto de tailandês como de lisboeta. Tailândia, esse país tão distante mas tão próximo. É já ali na Almirante Reis.