Barbie: Política, Indústria e um Protagonista Chamado Ken

Por onde começar com esta Barbie, com toda a sua multidimensionalidade. É mesmo essa a palavra. A maior metáfora é que Barbie, o filme, representa bem Barbie, a boneca, uma máquina industrial e comercial feroz, verdadeira trend setter, que se transformou num dos maiores eventos de marketing cinematográfico de sempre. O outro, Oppenheimer, ajudou ao fenómeno de rede social que está a esmagar as bilheteiras dos cinemas um pouco por todo o Mundo, e Portugal...

À Plein Temps – O Thriller do Quotidiano

O que define um thriller? Será certamente algo a ver com o ritmo, uma linguagem cinematográfica de peripécia, de incerteza, de imprevisibilidade. Normalmente associamos o thriller à acção ou ao terror. Uma investigação, uma perseguição, armas de fogo. Lembramo-nos de Fincher com The Game ou Zodiac, fugindo à linguagem da acção mais clássica. Mas nos últimos anos tem ganho forma uma nova estirpe thrilleriana, o thriller da rotina quotidiana. À cabeça vêm dois: Uncut Gems...

John Wick: Chapter 4 – A Consagração da Série B para o Grande Público

O cinema de acção não voltou a ser o mesmo depois do primeiro John Wick, quando Chad Stahelski, o stunt double de Keanu Reeves no Matrix original e coordenador de stunts das sequelas Reloaded e Revolutions decidiu chamar Keanu Reeves para o papel para o qual nasceu. Keanu Reeves nunca foi um actor consensual, com fragilidades na interpretação e uma série de maus filmes que sempre puseram em questão que o actor não fosse, afinal,...

Dossier M. Night Shyamalan, Vol. VI – Em Defesa de After Earth

Todos conhecemos a história de Shyamalan no cinema, o jovem realizador de 29 anos que em 1999 realizou o filme de culto conhecido entre nós por O Sexto Sentido. Shyamalan trouxe com ele um estilo seminal, soturno e minimalista, que deambulava através de travellings de câmara expressões de incerteza, insegurança, desconhecimento. The Sixth Sense foi um êxito, imortalizando a frase I see dead people, dita por um Haley Joel Osment de olhar aterrado a um...

The Pale Blue Eye: o Bocejo de Alan Poe

Scott Cooper é um realizador curioso. O seu primeiro filme, Crazy Heart, que valeu o Óscar de melhor actor a Jeff Bridges, deixava antever um autor americano de fórmula clássica, conservadora, com carga dramática q.b. e sem grande espalhafato. Seguiu-se Out of the Furnace, primeira colaboração com Christian Bale, provavelmente o melhor filme de Scott Cooper. Nesse ano de 2013 a lente do realizador filmava uma história de vingança e redenção numa américa ruralizada com...

Glass Onion: Conteúdo Televisivo de Qualidade

Se Rian Johnson e o seu Knives Out, e agora Glass Onion, têm algum mérito é em trazer para a mesa de forma popular e instagramável a expressão whodunnit para rotular este tipo de filmes: um cinema Agatha Christiano, Poirotiano. Dá muito jeito. Por outro lado, Glass Onion também é útil para outra coisa: oferecer cinema de entretenimento de qualidade no pequeno écrã. Esta é mais uma de muitas produções Netflix, a gigante streamer que...

Ticket to Paradise: A nostalgia pela comédia romântica

Comédia romântica… Género tantas vezes menosprezado e sobranceiramente visto como algo menor, de mau gosto, a chamada xaropada. Género com caderno de encargos rígido com princípio, meio e fim. Será mesmo assim? Nos últimos anos a comédia romântica tem vindo a desaparecer das grandes salas. Gerações de actores e actrizes que se celebrizaram no género, como aqui George Clooney e Julia Roberts, mas que por algum motivo deixaram de fazer parte destas produções de alto...