A Caminho dos Óscares – Previsões em Novembro 2024

Pedro BarrigaNovembro 21, 2024

Estamos a um mês do final do ano. Aproximam-se as listas dos melhores filmes de 2024 e quem elabora a sua lista há já 97 anos é a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas. A 97ª cerimónia dos prémios da Academia, mais conhecidos por Óscares, está agendada para o dia 2 de março de 2025, sendo os nomeados anunciados a 17 de janeiro.

Os Óscares são uma fotografia dos gostos dos membros da Academia num dado ano. Gostos esses em perpétua mudança, e membros esses em contínuo alargamento (eram 230 inicialmente, hoje em dia são quase 11.000). Esta constante evolução é o que torna a tarefa de adivinhar os Óscares tão interessante e desafiadora.

Anualmente, a Academia convida centenas de profissionais da indústria do cinema para se juntarem à organização e para votarem no melhor que se fez na sétima arte. Em 2024, 487 novos membros entraram para a Academia, incluindo a atriz Lily Gladstone, o ator Koji Yakusho, a realizadora Justine Triet, o compositor Jerskin Fendrix e a argumentista Samy Burch.

Ora, como se fazem previsões aos Óscares? Depende da informação de que dispomos a cada passo do caminho. Quanto mais perto da cerimónia de entrega, mais esclarecidos estaremos sobre as preferências da Academia.

Andemos de trás para a frente no calendário: em março, realizam-se os Óscares. Em fevereiro, ocorre a entrega de importantes prémios da indústria cinematográfica (e.g. os BAFTA). Em janeiro, orientamo-nos pelas nomeações anunciadas pela Academia. Em dezembro, olhamos para organizações cujos gostos costumam coincidir com os da Academia (e.g. o American Film Institute). Já em novembro, contamos apenas com os festivais de cinema que decorreram ao longo do ano para nortear os nossos palpites.

Quais são então os principais festivais? E que filmes estrearam aí antes de serem coroados com o Óscar de Melhor Filme?

  • Sundance (E.U.A.) – CODA.
  • Cannes (França) – Parasite, The Artist, etc.
  • Veneza (Itália) – Nomadland, The Shape of Water, Spotlight, etc.
  • Telluride (E.U.A.) – Moonlight, 12 Years a Slave, Argo, etc.
  • Toronto (Canadá) – Green Book, Crash.

Vejamos que filmes se destacaram nas edições de 2024 destes cinco festivais:

  • SundanceA Real Pain, I Saw the TV Glow
  • CannesAnora, All We Imagine as Light
  • VenezaThe Room Next Door, The Brutalist
  • Telluride – Emilia Pérez, Conclave, Nickel Boys
  • TorontoThe Life of Chuck

Obtemos um total de 10 filmes. Vejamos cada um:

A Real Pain – Numa sondagem conduzida pela Indiewire, foi o filme que mais impressionou a crítica em Sundance. Drama familiar que aborda o Holocausto, distribuído nos E.U.A. pela Searchlight Pictures, conhecida por saber promover bem os seus filmes junto dos membros da Academia.

I Saw the TV Glow – Ficou em 2º lugar na sondagem acima referida. Um preferido do Film Twitter, um nicho que não coincide com os gostos da Academia.

Anora – Vencedor da Palme d’Or em Cannes, realizado pelo americano Sean Baker. A Academia nunca foi grande fã dos filmes de Baker (apenas um, The Florida Project, recebeu uma nomeação aos Óscares), mas tendo Anora vencido Cannes, não há como o ignorar desta vez.

All We Imagine as Light – O vice-campeão de Cannes. A situação está difícil para este filme… Trata-se de uma produção franco-indiana, mas nem França, nem a Índia decidiram submetê-la ao Óscar de Melhor Filme Internacional. Filmes estrangeiros sem o apoio dos países financiadores não vão longe nos Óscares.

The Room Next Door – Vencedor do Leão de Ouro em Veneza. A Academia adora o Pedro Almodóvar (que venceu o Óscar de Melhor Argumento Original com Hable con ella), mas o seu mais recente filme parece só ter fãs deste lado do Oceano Atlântico.

The Brutalist – Vencedor do Leão de Prata em Veneza. Tal como Sean Baker, Brady Corbet nunca despertou o interesse da Academia. Mas, tal como Anora, o selo de qualidade conquistado na Europa garantirá que todos os membros vão querer ver o The Brutalist.

Emilia Pérez – Realizado pelo francês Jacques Audiard, vencedor ex aequo do Silver Medallion em Telluride. A Academia tem-se tornado uma organização mais internacional, pelo que filmes europeus como este são cada vez mais comuns na lista de nomeados ao Óscar.

Conclave – O novo filme de Edward Berger, realizador de All Quiet on the Western Front (vencedor de 4 Óscares há 2 anos). Berger está de volta com um thriller interpretado por Ralph Fiennes, Stanley Tucci e Isabella Rossellini. O género de drama prestigioso que a Academia adora.

Nickel Boys – Diria que é mais admirado por críticos de cinema do que por profissionais da indústria, mas num ano em que a corrida aos Óscares parece tão aberta, talvez isso baste para ser um dos 10 nomeados.

The Life of Chuck – Vencedor do People’s Choice Award de Toronto. Vencedores deste prémio em anos anteriores incluem 12 Years a Slave, Green Book e Nomadland. Dito isto, a distribuidora Neon anunciou que o filme só terá estreia comercial em 2025, pelo que não será elegível para os Óscares deste ano.

Depois desta análise, ficamos com 6 títulos: A Real Pain, AnoraThe Brutalist, Emilia Pérez, Conclave e Nickel Boys. Tudo indica que estes filmes estarão nomeados para o Óscar de Melhor Filme.

Já temos 6 finalistas, mas a categoria de Melhor Filme tem 10 lugares. Quais serão os filmes que preencherão as restantes vagas? Teremos de esperar pelos próximos meses para obter mais informação, mas, a fazer um palpite, seriam estes:

  • Dune: Part Two – Se a Academia nomeou o primeiro filme, também deverá nomear o segundo.
  • Sing Sing – O género de filme comovente e feel-good que a Academia adora.
  • Blitz – Steve McQueen venceu o Óscar por 12 Years a Slave. Talvez a Academia goste do seu novo filme?
  • A Complete Unknown – Há sempre um biopic… Este conta com Timothée Chalamet no papel de Bob Dylan.

Por agora é tudo. Voltamos a falar daqui a um mês!

 

Pedro Barriga