2022 terminou e os novos lançamentos de 2023 começam a chegar às salas portuguesas. No entanto, e em jeito de despedida do ano que passou, destaco alguns momentos que devem ser sinalizados.
O Regresso de James Cameron
“Never bet against James Cameron” é um dos chavões mais ouvidos na internet no que à carreira do realizador canadiano diz respeito. De facto, James Cameron é responsável por alguns dos maiores sucessos de bilheteira de todos os tempos (Aliens, Exterminador Implacável 2, A Verdade da Mentira, Titanic e Avatar). Desde 2009, ano em que lançou Avatar, que “Big Jim” tem estado a desenvolver as sequelas do filme passado em Pandora (não só os argumentos como também a tecnologia que permitisse capturar a sua visão para este mundo). No entanto, treze anos é muito tempo e surgiram dúvidas se Avatar 2 iria de facto alguma vez estrear nos cinemas e se não seria um projeto condenado desde o início. A verdade é que Avatar 2: O Caminho da Água chegou às salas de cinema em 2022 e James Cameron voltou a apostar em temas já explorados nos seus outros filmes (a importância da família, a ligação com o mar, a mensagem ecológica) para realizar um blockbuster eficiente, onde a tecnologia e os avanços no 3D tornam Avatar 2 numa experiência singular (à semelhança do primeiro). À data deste artigo, Avatar 2 é o quarto filme com a maior bilheteira da história do cinema (não ajustada à inflação) e recebeu 4 nomeações para os óscares. Never bet against James Cameron.
Sucessos Inesperados: Everything Everywhere All at Once e RRR
Para quem acompanhou a carreira de Daniel Scheinert e Daniel Kwan (Daniels), o enorme sucesso de Tudo em Todo o Lado ao Mesmo Tempo pode surpreender. O filme que sucede Swiss Army Man, estreado em Março de 2022, foi um autêntico fenómeno que dificilmente alguém estaria à espera. Muitas vezes absurdo e extravagante, dividiu espetadores e críticos com a sua história de múltiplos universos, mas que tem no seu centro a união de uma família. Com 11 nomeações aos Óscares, incluindo Melhor Filme, EEAAO tornou-se no filme mais bem-sucedido da distribuidora A24 e ainda trouxe de volta ao grande ecrã Ke Huy Quan. De Hollywood para Tollywood: RRR de S.S. Rajamouli uniu as duas maiores estrelas de ação do cinema Telugu (Ram Charam e N. T. Rama Rao Jr.) num filme de proporções épicas que conta a história fictícia de dois revolucionários e a sua luta contra o poder colonialista. Um filme repleto de momentos exagerados, onde as cenas de ação são exímias e que proporciona cenas musicais que dificilmente serão esquecidas. Um destes casos é a música nomeada ao óscar de melhor música original Naatu Naatu, um verdadeiro fenómeno que levou o público nas mais diversas salas a dançar durante as projeções do filme.
O início de carreira de Colin Farrell foi algo atribulado com diversos problemas vastamente documentados. Se no início dos anos 2000 era uma estrela de filmes de ação e blockbusters (Miami Vice, Total Recall, Alexander), nos últimos anos mostrou ser um ator bem mais versátil com participações nos mais diversos géneros e sempre com papéis inesperados, especialmente nos filmes de Yorgos Lanthimos (A Lagosta, O Sacrifício do Cervo Sagrado ). No entanto, terá sido em 2022 que Colin Farrell alcançou, até agora, o seu melhor ano. Em A Vida Depois de Yang , estreado em Março, Colin Farrell encarnou Jake com subtileza numa altura de luto. Mais tarde, no Batman de Matt Reeves, apareceu irreconhecível como Pinguim numa performance extravagante. Apareceu ainda no algo ignorado e inócuo Treze Vidas, de Ron Howard, mas é sem dúvida o melhor ingrediente do filme. Porém, o ator irlandês guardou para último aquele que será até à data o seu melhor papel. Em Os Espíritos de Inisherin , Farrell interpreta Pádraic, um homem simples que se recusa aceitar que o melhor amigo termine a relação de amizade que os prende há décadas. Foi este regresso à sua parceria com Martin McDonagh e Brendan Gleesson (os três já tinham trabalhados juntos em Em Bruges), que lhe valeu uma nomeação para o óscar de melhor ator. Colin Farrell é capaz de demonstrar a complexidade da sua personagem e provar que é um dos atores mais interessantes e completos de Hollywood atualmente.
Diversidade de Créditos Iniciais e Finais
Para uma grande fatia dos espetadores, os créditos iniciais e finais de um filme são uma mera formalidade, um segmento de um filme que poderia não estar presente. Para outros, são um momento importante e que não deve ser descuidado. Os créditos iniciais estabelecem o tema ou o tom do filme, nas palavras de Martin Scorsese, “Eu gosto de créditos. Os créditos prometem algo”. Por outro lado, os créditos finais têm o poder de enquadrar todo o filme que acabámos de ver. Em 2022, houve algumas sequências que se destacaram e tornaram o ano bastante interessante nesta perspetiva. No que toca a créditos iniciais, destaco os créditos de Tár, apresentados numa ordem invertida; a sequência inicial de Top Gun: Maverick, que reutiliza a música Danger Zone e presta uma homenagem direta ao primeiro filme, a dança futurista protagonizada pelas famílias à frente da televisão em A Vida Depois de Yang e, por último, os já habituais créditos iniciais de Jackass Forever. Os crédito finais em 2022 também não se ficaram atrás e destaco a dança final ao estilo Tollywood em RRR, a cena final de Pearl onde Mia Goth fica em frente à lente e, finalmente, a dança dentro do supermercado protagonizada pelas personagens de Ruído Branco ao som da nova música dos LCD Soundsystem.
