“Welcome to Jurassic Park”. Há 30 anos, acompanhados por uma das composições mais emblemáticas de John Williams, entrámos pela primeira vez na ilha Nublar, uma ilha fictícia na costa do Oceano Pacífico, perto da Costa Rica, que servia de habitat para dezenas de espécies de dinossauros. O icónico filme de Steven Spielberg celebra o redondo número de trinta anos em 2023 e a sua influência continua a sentir-se passadas três décadas.
Baseado no best-seller escrito em 1990 por Michael Crichton, Parque Jurássico é um filme de ficção científica no qual o milionário John Hammond (Richard Attenborough) decide criar um parque natural habitado por dinossauros que foram retirados da extinção através de ADN encontrado em mosquitos preservados em âmbar. Para certificar o parque, o milionário convida o paleontólogo Alan Grant (Sam Neil), a paleobotânica Ellie Sattler (Laura Dern) e o matemático Ian Malcolm (Jeff Goldblum). Juntamente com os dois netos de Hammond, os três cientistas tentam sobreviver à medida que o parque fica cada vez menos seguro e os dinossauros mais perigosos assumem o seu lugar na natureza como superpredadores.
Quando Michael Crichton escreveu o primeiro rascunho do livro, fê-lo na perspetiva de uma criança. Apesar de eventualmente a história ter mudado e passado para uma perspetiva adulta, é mais do que evidente que essa visão ainda está presente no filme, nomeadamente através do olho cinemático de Spielberg, que mostra o espanto e entusiasmo que sentimos ao presenciar estas criaturas pré-históricas. Recheado de momentos marcantes, como a cena em que Spielberg mostra a chegada iminente do T-Rex através das vibrações num copo de água ou a perseguição dos velociraptors nas cozinhas do parque, Parque Jurássico é um filme fantástico apesar das limitações no que toca a efeitos especiais que existiam na época, mas também por causa destas. Uma das decisões mais importantes que o cineasta norte-americano tomou, juntamente com Phil Tippet, um dos génios por detrás da Industrial Light and Magic (ILM), foi a de mostrar os dinossauros através de uma combinação de CGI e de animatronics, levando a que ainda hoje estas criaturas pareçam reais e continuemos a pensar como foi possível fazer um filme destes em 1993.
Um filme que tem temáticas transversais a toda a carreira de Spielberg (crianças cujos pais estão a meio de um divórcio, a figura de pai adotivo na personagem interpretada por Sam Neil), mas que também introduz questões atuais como as implicações éticas na engenharia genética, o lugar do ser humano no ecossistema que o rodeia e a ganância empresarial (a personagem do milionário excêntrico que não pensa nas implicações das suas ideias podia muito bem ser inspirado em alguns milionários atuais).
Ao filme de 1993 seguiram-se 5 sequelas (uma delas realizada por Spielberg), mas nenhuma com a mesma qualidade ou magia do original, ainda que tenham sido sucessos de bilheteira. Parque Jurássico, vencedor de 3 óscares da academia, estreou há quase trinta anos e o impacto que teve na cultura foi e continua a ser imenso. Não só revolucionou e catalisou o uso de CGI em Hollywood (o filme tem 55 planos de CGI e um blockbuster em 2023 tem, em média, 2000 planos) como também tornou crianças e adultos obcecados por dinossauros e por paleontologia. Há 3 décadas Steven Spielberg teve um ano praticamente perfeito ao realizar A Lista de Schindler, filme que viria a ganhar o óscar de melhor filme e a garantir-lhe o óscar de melhor realizador, e ao concretizar um universo fascinante com um filme clássico que viria a mudar a própria indústria.